Hallal ironiza senadores pró-cloroquina na CPI: “Ciência de WhatsApp”
O epidemiologista afirmou que há consenso científico de que hidroxocloroquina não serve para a Covid-19 e que medidas restritas funcionam
atualizado
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O epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal rebateu, nesta quinta-feira (24/6), os senadores governistas que dizem frequentemente que a ciência está dividida sobre as medidas restritivas e a eficácia da cloroquina para o tratamento da Covid-19.
“Selecionar alguns poucos estudos que mostram algo diferente do consenso científico não é fazer ciência, é charlatanismo ou ciência de WhatsApp”, ironizou Hallal à CPI da Covid.
O pesquisador destacou que “a ciência está absolutamente acostumada com a diversidade de opiniões, mas que já há temas consolidados” e ciência se faz com a consistência de estudos. Hallal usou o exemplo de que fumar aumenta o risco de câncer de pulmão.
“Agora, é intelectualmente desonesto que, se dos 10 mil estudos que avaliaram essa associação, alguém trouxe à CPI os dois únicos que não encontraram essa relação. Porque os outros 9.998 encontraram que fumar aumenta o risco”, explicou Hallal.
“A ciência é feita com consenso de diversos estudos. O critério da consistência. E há consistência de que lockdown e medidas de restrições funcionam. Assim como a consistência da ciência mostra que a hidroxocloroquina não serve para Covid, assim como a ciência disse esta semana que vale a pena continuar estudando os efeitos da ivermectina”, acrescentou.
Senadores governistas fazem constantes defesa da cloroquina como medida para tratamento da Covid-19, minimizam os efeitos das medidas restritivas contra a pandemia e usam a falta de consenso científico para justificar.
A audiência pública conta, também, com a participação da diretora-executiva da Anistia Internacional Jurema Werneck. O encontro é para debater a condução da pandemia de Covid-19 no Brasil.