Haddad diz que, caso seja eleito, não dará indulto a Lula
Em entrevista, candidato também criticou as políticas de preços de combustíveis de Dilma e Temer
atualizado
Compartilhar notícia
O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira (18/9) que não vai conceder indulto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, caso seja eleito. “Lula é o primeiro a dizer que não quer favor, quer reconhecimento do erro do Judiciário”. Pressionado, Haddad negou: “Não. Não ao indulto”, disse, em entrevista à Rádio CBN e ao portal G1.
Na entrevista, Haddad citou novamente que nas visitas que faz ao líder petista o próprio Lula rechaça a ideia de deixar a prisão por meio de um decreto presidencial, pois confia que as cortes brasileiras de Justiça e os fóruns internacionais irão atestar a sua inocência no processo do tríplex do Guarujá (SP), no qual foi condenado a 12 anos e um mês de prisão. O ex-presidente está preso na carceragem da Polícia Federal de Curitiba desde o dia 7 de abril. “Lula é o primeiro a dizer que não quer favor, quer reconhecimento do erro judiciário”, repetiu Haddad.
Questionado se colocaria Lula em um ministério, Haddad desconversou. “Acho essa pergunta muito pequena para um cara da estatura do Lula. Ele só aceitou ser ministro da Casa Civil (em 2016) porque estávamos prevendo que um golpe de Estado aconteceria como aconteceu”, disse, em relação ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Nas críticas que fez à gestão Dilma, Haddad reiterou que não manteria em um eventual governo seu a política de desonerações. A despeito das críticas, o petista disse que Minas Gerais irá reparar o erro do impeachment da então presidente da República, elegendo-a senadora, “enquanto seu algoz Aécio Neves não será eleito”. Haddad lembrou que o tucano não está concorrendo à reeleição ao Senado. O tucano disputa uma cadeira na Câmara dos Deputados.
O candidato disse ainda que apoiaria Ciro Gomes (PDT) em um segundo turno, assim como receberia apoio do adversário. “O Brasil está correndo risco de entrar numa nova aventura. Eu gosto do Ciro, sou amigo dele, pretendo estar junto com ele nessa caminhada. Não deu no primeiro turno. Nós pertencemos ao mesmo campo político contra esse obscurantismo que hoje está vigente no País”, afirmou.
Preço de combustível
Na entrevista, Haddad também criticou a política de preços de combustíveis adotada pelo governo da correligionária Dilma Rousseff (PT) e pelo atual governo de Michel Temer (MDB). “Temer se equivocou ao vincular os preços do combustível à especulação do mercado externo e na gestão Dilma, não deveríamos usar o preço do combustível na política inflacionária”, disse Haddad, destacando que a melhor política de preços para a Petrobras é não usar a empresa para manipular os preços. “Mas não se pode desconsiderar o seu monopólio e não se pode usar a política de preços para balizar a inflação.”
Ao falar da política de preços da Petrobras e das consequentes altas nos combustíveis – o querosene de aviação, por exemplo, superou os R$ 3,30 e já está cotado no maior valor desde 2002 -, Haddad citou o governo de seu padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que na sua gestão o País teve uma política de preços que levava em conta a rentabilidade da Petrobras e também os seus custos.
Apesar da crítica à gestão Dilma, o candidato do PT disse que o pior dos erros nesse setor foi cometido por Temer. “Ele trouxe enorme prejuízo ao País, ao atrelar o preço doméstico à cotação especulativa dos preços internacionais. Essa política foi implantada em julho de 2017 por Pedro Parente, determinando que os preços de derivados de petróleo comercializados pela empresa poderiam acompanhar diariamente as oscilações internacionais da cotação do óleo cru”, disse.
Já na gestão Dilma, houve uma política de represamento e um controle de preços para subsidiar os combustíveis e ajudar a conter os índices inflacionários. A política do governo Dilma conseguiu segurar os preços dos combustíveis, mas também resultou em contas bilionárias para a Petrobras, o que obrigou a estatal a arcar com a falta de paridade internacional. “Se tem repique inflacionário, tem outra forma de corrigir do que por administração de preço público”, reiterou Haddad na entrevista.
Bancos
Haddad voltou a dizer que, se eleito, pretende taxar as instituições financeiras. “Quanto mais juros os bancos cobrarem, mais impostos pagarão. Quanto menos juros cobrarem, menos impostos irão pagar. O banqueiro terá de pagar do bolso dele quando aumentar os juros e não tirar do bolso do trabalhador”, disse o petista.
Haddad afirmou que não pretende aumentar a carga média tributária, mas sim taxar bancos e quem ganha mais. “Vamos isentar do Imposto de Renda de quem ganha até cinco salários mínimos”, emendou.
Ao falar em taxar os bancos, Haddad disse que isso não foi feito nas gestões do PT porque “é muito difícil mexer em vespeiro”. “E por falar nisso, quero mexer também no vespeiro da concentração dos meios de comunicação”, destacou.
O petista disse que, em sua eventual gestão no comando do País, não vai permitir a cartelização dos meios de comunicação. “Que mal fazem as agências internacionais atuarem aqui no País? As agencias internacionais de notícias têm todo o direito de veicularem notícias em língua portuguesa no Brasil”, frisou o ex-prefeito de São Paulo.