Haddad apaga tuíte com trocadilho considerado racista por ativistas
“Não cabe ironia com uma dor que eu não senti, privilegiado que sou”, disse o petista depois da confusão
atualizado
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São Paulo — O ex-prefeito de São Paulo e ex-candidato à Presidência da República em 2018 Fernando Haddad (PT) apagou conteúdo considerado racista por ativistas do movimento negro na rede social Twitter e pediu desculpas.
Haddad tinha postado uma foto do comentarista esportivo Walter Casagrande Júnior com a frase “tem Casa Grande que vale a pena”. O petista se referia às recentes opiniões emitidas por Casagrande que criticou a contratação do jogador Robinho pelo Santos – condenado em primeira instância na Itália por estupro – e a situação do senador da República Chico Rodrigues (DEM) – flagrado com dinheiro nas nádegas em recente operação da Polícia Federal.
No entanto, o trocadilho com o termo “casa grande”, referência ao lar dos senhores de escravos até o fim do Brasil imperial, causou mal-estar entre ativistas antirracistas.
Para Nailah Neves Veleci, ativista negra e cientista política, conhecida no Twitter como Preta Ijimú, “pedir desculpa e fazer autocrítica é a escolha mais racional no meio de uma eleição onde a maioria da população é negra e o movimento negro aponta à esquerda como o caminho”.
Thiago Amparo, advogado e professor de direito, também seguiu na mesma direção: “Diante do tuíte em que escreveu, seria importante reconhecer o racismo recreativo praticado, pedir desculpas a todos(as) (e não só a quem se ofendeu), e dizer que a luta antirracista importa.”
Respondendo a Thiago Amparo, Fernando Haddad disse que “quando retuitei o vídeo do Casão, pensei em ironizar a casa grande. Errei e apaguei, porque mesmo tendo intenção antirracista, não cabe ironia como uma dor que eu não senti, privilegiado que sou”.
O Metrópoles entrou em contato com Fernando Haddad, mas ele não atendeu a reportagem.