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Haddad anuncia mudança na meta de inflação a partir de 2025

Meta contínua tem prazo móvel, desvinculado do ano-calendário, e será adotada a partir de 2025. Decisão foi anunciada ao CMN nesta quinta

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O ministro da Economia Fernando Haddad conversa gesticulando em encontro com a Febraban - Metrópoles
1 de 1 O ministro da Economia Fernando Haddad conversa gesticulando em encontro com a Febraban - Metrópoles - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

“Adotaremos agora a meta contínua a partir de 2025”, anunciou o ministro Fernando Haddad à imprensa nesta quinta-feira (29/5), após reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo ele, essa decisão sobre o regime de metas de inflação é do governo e foi apenas comunicada ao conselho. A opção pela data ocorre porque, a partir de 2025, começa um novo mandato de presidente do Banco Central (BC).

O governo vinha defendendo que a meta de inflação deixasse de seguir o ano-calendário (modelo atual, em que a verificação sobre o cumprimento ou não da meta é feita no fim de dezembro) e passe a ser uma meta contínua (com um prazo móvel, desvinculado do ano-calendário).

Em vez do ano-calendário, será trabalhado com um horizonte mais longo, possivelmente de 24 meses, como é comum em outros países que adotam o regime. Quem vai definir esse horizonte será o Banco Central.

Um decreto a ser assinado pelo presidente da República vai estabelecer como funciona a meta contínua e disciplinar os detalhes do novo regime. “O único país diferente no mundo é o Brasil. Eu já era crítico há muito tempo dessa metodologia e penso que chegou o momento de dar esse passo”, disse Haddad.

O ministro lembrou que havia um parecer do BC já nessa direção e lembrou que o presidente da autoridade monetária, Campos Neto, se mostrou favorável já antes dessa reunião do CMN, em coletiva realizada pela manhã.

Haddad ainda reforçou que teve encontros com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e “ninguém conseguia entender por que o Brasil continuava com um instrumento anacrônico que ninguém atualizava”.

Reunião do CMN

A reunião ordinária deste mês ocorreu em meio às críticas do governo ao atual patamar da taxa básica de juros (Selic), em 13,75% ao ano. A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado para controle da inflação.

O CMN é formado pelos ministros da Fazenda (que o preside) e do Planejamento, além do presidente do BC, Roberto Campos Neto. O governo, portanto, tem maioria.

O conselho se reúne com três anos de antecedência para definir as metas, mas o debate neste ano ganhou contornos adicionais depois que membros do governo e o próprio presidente Lula ventilaram, no começo do ano, que uma revisão poderia estar no radar. O petista sabidamente reclamou que a meta em seus primeiros governos era de mais de 4%, e não de 3%.

A meta de inflação para este ano é de 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%.

Para 2024 e 2025, a meta é de 3%. Embora as projeções para a inflação venham caindo consistentemente nas últimas semanas, elas ainda estão acima desse patamar.

Para 2026, foi definido nesta quinta o mesmo patamar dos próximos dois anos, em 3%, também com intervalo de 1,5 ponto percentual.

Segundo a ministra do Planejamento, Simone Tebet, a meta de 2026 foi aprovada por unanimidade. “Não houve objeção”, disse ela. As decisões do CMN são tomadas por maioria simples, bastando o voto de dois dos três integrantes.

Questionado sobre como foi a conversa com o presidente Lula, visto que ele foi uma das vozes mais atuantes em defesa de revisão da meta de inflação para cima, Haddad respondeu:

“O presidente me deu carta branca, a mim e à Simone, para tomarmos a decisão que nós julgássemos a mais conveniente para o momento”.

Lula questiona meta de inflação: “Se meta está errada, muda-se a meta”

Veja as metas de inflação estipuladas:

2023

Meta: 3,25%

Intervalo: entre 1,75% e 4,75%

2024

Meta: 3%

Intervalo: entre 1,5% e 4,5%

2025

Meta: 3%

Intervalo: entre 1,5% e 4,5%

2026

Meta: 3%

Intervalo: entre 1,5% e 4,5%.

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