Guimarães sobre prisão por furar isolamento: “Ia matar ou morrer”
Presidente da CEF citou caso da família do deputado Luiz Lima, detida ao se negar a deixar a praia no Rio, e disse que pegaria suas 15 armas
atualizado
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O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou durante a reunião ministerial com o presidente Jair Boslonaro (sem partido) que, caso fosse preso por furar o isolamento social, ele pegaria as armas para se defender. “Eu ia matar ou morrer”, disse.
Ele citou o caso da família do deputado federal Luiz Lima (PSL-RJ), que foi detida após ignorar um alerta da polícia por estar na praia de Copacabana. O governador do Rio, Wilson Witzel, publicou um decreto que impede aglomerações.
“Que porra é essa? O cara vai pro camburão com a filha. Se fosse eu, ia pegar minhas 15 armas e… Ia dar uma. Eu ia se… Eu ia morrer. Porque se a minha filha fosse para o camburão, eu ia matar ou morrer. Que é isso?”, disse Guimarães, indignado.
Mais cedo, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu liberar a divulgação do vídeo em que Bolsonaro conversa com integrantes do primeiro escalão. Segundo o ex-ministro, nessa reunião, o presidente teria demonstrado a intenção de interferir na Polícia Federal.
Bolsonaro chegou a pedir para o decano não liberar a íntegra do vídeo: “Só peço: não divulga a fita toda”, disse Bolsonaro, na véspera da decisão de Celso de Mello. “Tem questões reservadas, tem particularidades ali. O resto, o que eu falei, tem dois pedacinhos de 15 segundos que eu falei de política externa que não pode divulgar. O resto, divulga”, completou.
Leia a íntegra da reunião ministerial divulgada pelo STF:
Após receber as gravações, nas quais Moro acusa Bolsonaro de pedir interferência na Polícia Federal, o ministro deu prazo de 48h para que Moro, a AGU e a PGR se manifestassem sobre a possibilidade de divulgação integral do conteúdo. Os dois órgãos defenderam apenas a disponibilização de trechos em que Bolsonaro fala sobre a PF.
Contradizendo o presidente da República, na peça enviada ao Supremo, a AGU diz que Bolsonaro mencionou a Polícia Federal e a família dele. Ele teria dito: “Eu não vou esperar f* minha família toda de sacanagem”. O militar da reserva alegou à imprensa que não havia citado nenhum desses termos.
Ainda de acordo com a AGU, o chefe do Executivo afirmou que iria interferir na PF, criticando a falta de transparência da corporação.“O serviço de informação nosso é uma vergonha. Eu não sou informado e não dá para trabalhar assim. Fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade”, teria dito Bolsonaro.
Ao se manifestar em favor da divulgação, Moro disse que “a reivindicação pela publicidade total da gravação trará à luz inquietantes declarações de tom autoritário inviáveis de permanecerem nas sombras”. O vídeo é tido como uma prova em relação às acusações que o ex-juiz da Lava Jato fez contra Bolsonaro.
Entenda o caso
Moro deixou o Ministério da Justiça no dia 24 de abril acusando o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. Segundo ele, Bolsonaro não só queria indicar alguém de “sua confiança” tanto para a diretoria-geral da PF quanto para as superintendências estaduais, como também queria “relatórios de inteligência” da corporação.
Entre os elementos que, segundo o ex-juiz, provavam suas alegações, estava justamente o vídeo desta reunião ministerial. As imagens foram entregues pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao STF, no âmbito de um inquérito que apura as alegações de Moro, mas permaneciam, até então, em sigilo.
No último dia 12 de maio, o ex-ministro, seus advogados, representantes do governo federal, da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR), assistiram ao vídeo juntos, em sessão reservada. Mello atendeu ao pedido de Moro, que defendia o levantamento integral do sigilo — a AGU, por outro lado, queria que apenas as falas do presidente na reunião fossem tornadas públicas.