Guedes diz que Maia tem “acordo com a esquerda” para barrar privatizações
Ministro rebateu críticas feitas pelo presidente da Câmara e disse que proposta de reforma tributária do deputado aumentará impostos
atualizado
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou as recentes falas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre uma possível demora do governo em enviar pautas públicas a serem votadas no Congresso Nacional, principalmente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 186/19, a PEC Emergencial. A fala foi feita durante reunião com parlamentares realizada nesta sexta-feira (11/12).
As críticas ocorrem após Maia ter sugerido um bolo para comemorar o aniversário de promessa do governo em apresentar a proposta – 5 de dezembro de 2019. Em resposta ao presidente da Casa, Guedes afirmou que o bolo de aniversário, na verdade, deveria ser entregue na casa do deputado federal.
“Está me cobrando, disse que vai fazer bolo de aniversário, que tem um ano que eu estou para mandar a PEC federativa. A PEC federativa está há um ano no Congresso. Eu pergunto por que ele não aprovou ainda. O bolo de aniversário tem que ser entregue na casa dele”, afirmou.
As críticas de Guedes ao presidente da Câmara não pararam por aí. Ainda no encontro com senadores e deputados, o ministro da Economia voltou a dizer que Maia tem um “acordo com a esquerda” e que sua proposta para uma reforma tributária implicaria aumento de impostos.
“Ele tem um acordo com a esquerda, de impedir as privatizações. Só descobri agora, depois de dois anos, depois de perder também meu secretário de Desestatizações. Como é que eu vou privatizar se não entra na pauta?”, questionou o chefe da Economia.
“Abismo”
Também nesta sexta, Rodrigo Maia afirmou que o Brasil “vai entrar num abismo”, após o governo não cumprir novamente a promessa de apresentar a PEC Emergencial. “Vamos entrar num abismo, porque [o ministro da Economia] Paulo Guedes disse que era emergencial, não é emergencial”, declarou Maia, durante o 19º Fórum Empresarial Lide.
Maia começou o discurso ironizando a postura do governo. “Temos um país interessante. Até o que é emergencial não é votado no Brasil. Estamos desde o ano passado falando de PEC Emergencial. Resolveram fazer um cambalacho: tira da Câmara, que está forte, e joga para o Senado. O Senado vai resolver o problema enfraquecendo a Câmara. É assim a política brasileira”, declarou.
O senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da proposta, anunciou, na manhã desta sexta-feira, que desistiu de apresentar o relatório neste ano. “Em vista da complexidade das medidas, bem como da atual conjuntura do país, decidi não mais apresentar o relatório da PEC Emergencial em 2020”, disse, em nota.
Na última terça-feira (8/12), Bittar havia apresentado uma minuta do relatório a líderes do Senado, ao qual o Metrópoles teve acesso, e, além de não constar o programa social do governo, o Renda Cidadã, o documento proibia o reajuste salarial de servidores públicos e a realização de concursos públicos por um ano, após a promulgação.