Guedes diz que Brasil está “preparado” caso haja “guerra do petróleo”
Ministro da Economia afirmou que país tem protocolo a seguir caso seja atingido pelos impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia
atualizado
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (15/3) que o Brasil está “preparado para reagir” caso ocorra o que chamou de “segunda guerra mundial”, motivada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. A guerra entre os dois países provocou o aumento do preço do petróleo em todo o mundo. A Rússia é um dos maiores exportadores de petróleo do mundo – embora, nos últimos dias, o valor do barril tenha recuado um pouco.
“Nós temos um protocolo de guerra todo preparado [para reagir]. […] Nós estamos com o déficit zerado. Nós estamos prontos para outra briga. Se vier uma segunda guerra mundial aí, nós estamos prontos de novo. Nós vamos expandir de novo porque nós estamos com o déficit zerado”, disse o ministro durante cerimônia no Palácio do Planalto.
“Se vier a 2ª Guerra Mundial aí, estamos prontos”, diz Paulo Guedes.
Ministro da Economia disse estar preparado para um conflito que já aconteceu. A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre os anos de 1939 e 1945. pic.twitter.com/UtNdZiwhNp
— Metrópoles (@Metropoles) March 15, 2022
Depois da declaração, Guedes foi ao encontro de jornalistas para se explicar. “”Não estou falando de Segunda Guerra Mundial [como os conflitos planetários que marcaram o século 20]. Nada disso. [Guerra entre Rússia e Ucrânia] subiu o combustível, os fertilizantes, e isso nos atinge. Aí eu quis dizer que se houvesse essa guerra do petróleo, essa guerra dos grãos, nós vamos estar preparados para reagir. Só isso.” Guedes usa a crise da pandemia do coronavírus como “primeira guerra mundial”.
Bolsonaro espera que Petrobras volte atrás no reajuste
Durante o evento desta terça, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que espera que a Petrobras acompanhe a queda no preço do barril de petróleo tipo Brent, referência internacional, e reduza o reajuste anunciado na semana passada – alta de 18,8% na gasolina e 24,9% no diesel. A alta foi agravada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura 159 dias.
Um dia após o anúncio da estatal, o Congresso Nacional aprovou, e Bolsonaro sancionou, o projeto de lei que altera a regra de incidência do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre combustíveis, numa tentativa de repassar a alta dos preços para o consumidor final.
“Estamos tendo notícias de que, nos últimos dias, o preço do petróleo lá fora tem caído bastante. A gente espera que a Petrobras acompanhe a queda de preço lá fora. Com toda a certeza ela fará isso daí”, disse o presidente durante cerimônia no Palácio do Planalto.
“Ao que tudo indica, nos números de agora, em especial o preço do barril de petróleo lá fora, sinalizam para uma normalidade no mundo. Espero que assim seja. E espero que a nossa querida Petrobras, que teve muita sensibilidade ao não nos dar um dia, ela retorne aos níveis da semana passada dos preços dos combustíveis no Brasil”, acrescentou.
Reajuste no preço dos combustíveis
O reajuste anunciado pela Petrobras começou a valer na última sexta-feira. O preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um aumento de 18,8%. Para o diesel, o preço médio passou de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, uma alta de 24,9%.
O GLP, conhecido como gás de cozinha, também ficou mais caro. O preço médio de venda do GLP da Petrobras para as distribuidoras foi reajustado em 16,1% e passou de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13 kg.
“Apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo, nas últimas semanas, como decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, a Petrobras decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo”, afirmou a estatal, em comunicado.
A empresa argumentou que os valores refletem parte da elevação dos patamares internacionais, impactados pela oferta limitada frente à demanda mundial por energia.
O governo federal estuda uma forma de segurar os preços dos combustíveis. A equipe econômica avalia repassar o custo da alta do petróleo no mercado internacional para a estatal ou criar novo programa de subsídios.