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Guedes alfineta Marinho: “Socorro a estados não pode virar farra eleitoral”

Fala de ministro da Economia ao Congresso foi apontada como um recado ao ministro do Desenvolvimento Regional por causa do Plano Pró-Brasil

atualizado

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A participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão Especial que acompanha ações contra a Covid-19, nesta quinta-feira (30/04), não teve recado só para governadores e para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Também teve espaço, sem nomes citados expressamente, para alfinetadas no ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, um dos responsáveis pela concepção do Plano Pró-Brasil.

O programa prevê obras de infraestrutura em todo o país como maneira de estimular a retomada dos empregos e conter impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus. Por causa da iniciativa, que vem ganhado comparações com o Programa de Aceleração do Crescimento (o famoso PAC dos governos petistas), Guedes e Marinho se distanciaram.

Guedes falou a congressistas pouco antes de o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), apresentar seu relatório ao novo projeto de auxílio aos estados, negociado com o ministro, que prevê programa com repasses de R$ 60 bilhões a estados e municípios. Somada à suspensão de dívidas com a União e renegociação de débitos com bancos públicos e organismos internacionais, a ajuda financeira chega a R$ 120 bilhões.

Este dinheiro, sustentou o ministro de Jair Bolsonaro (sem partido), tem que ir para combater a crise da saúde, e não “virar farra eleitoral em ano eleitoral”.

“Tudo isso pode ser usado em investimento público, em área social, em tudo isso. Então, nós não só perderíamos esses 120 bilhões que caíram agora, como ainda iam subir mais os juros e nós íamos perder mais R$ 100 bilhões. Então, o importante em uma hora dessas é o mundo inteiro e todo mundo entender que o Brasil está segurando o excesso de gastos para combater a crise da saúde, e não que isso virou uma farra eleitoral em ano eleitoral”.

O recado, sustentam pessoas próximas a Guedes, não foi para os governadores, neste caso, mas sim para Marinho. Embora tenha admitido a necessidade de socorrer os estados, o ministro segue defendendo reformas estruturais como principal linha de atuação do governo.

“Nós sabemos que o mundo espera que as reformas prossigam e que a gente tenha austeridade do ponto de vista de entender que, numa crise de saúde, sim, não falte dinheiro para a saúde, mas isso não pode virar uma farra eleitoral. Nós temos que ter esse senso de responsabilidade em vez de hipotecarmos as futuras gerações com uma irresponsabilidade justamente num momento dramático. O Brasil é abatido por uma crise de saúde, e isso não pode virar um oportunismo político, uma farra eleitoral. Nós temos de ter senso de responsabilidade”, criticou.

Lançado oficialmente pelo ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, o plano previa, inicialmente, incremento de R$ 300 bilhões para estas obras, em um prazo mais longo. Como Guedes não participou da elaboração do plano, a divulgação foi lida como uma forma de o presidente desidratar o ministro. Na sequência, Bolsonaro disse que “o homem que decide a economia é um só: Paulo Guedes”.

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