Quilombolas, indígenas e camponeses ocupam plenário da Câmara
Movimentos farão ato nesta terça-feira, às 7h, em frente ao Anexo II da Casa
atualizado
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Após uma audiência pública realizada na segunda-feira (5/10) na Câmara dos Deputados, povos de culturas tradicionais resolveram permanecer no plenário da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para realizar uma vigília.
Com o apoio do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, Paulo Pimenta (PT-RS), o grupo pede uma reunião com o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para falar contra a Proposta de Emenda Constitucional 215. A PEC transfere do Executivo para o Legislativo o processo de demarcação de terras indígenas.O grupo também cobra mais segurança no campo. Segundo relatório divulgado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), somente em 2014, morreram 36 pessoas vítimas de conflitos rurais – dois a mais que em 2013.
“Índios, quilombolas e outros grupos sofrem diariamente com ataques de milícias armadas”, afirma o indígena Aguinaldo Pataxó, que está entre os ocupantes.
Inicialmente sem acordo, Eduardo Cunha exigiu a desocupação imediata da sala. A pedido do peemedebista, água, luz e ar condicionado foram desligados.
Do lado de fora do plenário, policiais controlam o acesso à Comissão e a imprensa não está autorizada a entrar no local. Ao todo, cerca de 200 pessoas participam do ato. Após a chegada de diversos parlamentares, Cunha aceitou a permanência dos manifestantes até as 7h desta terça-feira (6/10). O peemedebista não autorizou, entretanto, a volta da luz e do ar condicionado.
Participaram da negociação os líderes do PT e do PSOL na Câmara, Sibá Machado (AC) e Chico Alencar (RJ), Alessandro Molon (Rede-RJ), Odorico Monteiro (PT-CE) e Moema Gramacho (PT-BA) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
“Cunha nos falou que não tem nenhum problema eles ficarem até as 7h da manhã”, disse ao Metrópoles o líder do PT. “Mas tudo fica como está [sem luz e ar condicionado]”, completou o petista.
A subprocuradora-geral da República e coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais), Deborah Duprat, acompanhou a mobilização desde o início.
Com o áudio dos microfones cortado, ela e Pimenta realizaram uma audiência pública informal para ouvir os pedidos dos manifestantes.
Nas redes sociais, os movimentos convocaram apoiadores da causa para uma manifestação, a partir das 7h desta terça-feira. A concentração será no estacionamento do Anexo II da Câmara dos Deputados.