Grafite de beijo entre Bolsonaro e Trump é apagado no Ceará
A arte do cearense Bad Boy Preto estava em um muro do município de Maracanaú e desapareceu 48 horas após ser feita
atualizado
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Um grafite representando beijo entre o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi apagado 48 horas depois ter sido pintado pelo artista urbano cearense Yuri Sousa, mais conhecido como Bad Boy Preto. A arte estava em um muro de uma alameda no bairro Jereissati I, em Maracanaú, e foi feita no último domingo (25/11). As informações são do jornal O Povo.
Yuri diz que o grafite era “uma resposta ou um contra-ataque por meio da arte”. “Não para constranger os que foram pintados, mas para colocá-los [Trump e Bolsonaro] na mesma posição de quem [eles] são contra. No caso, os homossexuais”, analisa. Bolsonaro já demonstrou ter ideias alinhadas à política adotada por Trump nos Estados Unidos.
Bad Boy Preto é de Maracanaú e faz grafites em todo o estado há três anos. Essa é a primeira obra dele a ser apagada. “Desta vez teve uma interpretação política, logo foi contra a visão de algumas pessoas”, considera. Conforme relatos de amigos, Yuri acredita que a arte foi apagada por algum apoiador de Jair Bolsonaro. “Pode ter sido o mesmo que chegou me filmando e perguntando por que eu estava fazendo o grafite”, lembra o artista.
Quando percebeu que a pintura foi apagada, Yuri Sousa disse que sentiu muita raiva: “Pelo trabalho que tive e porque queria que as pessoas vissem ainda no muro”. Ele sabe que a foto da obra não tem o mesmo impacto de ver a pintura ao vivo. “No muro, é muito mais excitante, posso dizer assim. Surpreende mais também”. Concluir a obra levou cerca de nove horas.
Na última quinta-feira (29), quando o grafite já havia sido coberto, Yuri compartilhou a imagem original, questionando o motivo de a pintura ter sido apagada. Ele lamentou não ter mais fotografias da obra.
O grafite de Yuri lembra uma pintura de 1990, do artista russo Dmitri Vrubel, que pintou um beijo entre o russo Leonid Brejnev (1906-1982) e o alemão Erich Honecker (1912-1994), no Muro de Berlim. A arte ficou conhecida como “Meu Deus, ajuda-me a sobreviver a este amor mortal” e faz alusão a uma fotografia de 1979, na qual Brejnev beija Honecker na boca em um gesto de fraternidade.
Mais recentemente, em 2016, um beijo entre Trump e o presidente russo Vladimir Putin também foi retratado em grafite. A obra foi feita pelo designer gráfico lituano Mindaugas Bonanu. A arte urbana permanece no mural de um restaurante na cidade de Vilnius, capital da Lituânia.