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Governo federal já distribuiu 260,9 milhões de máscaras, desprezadas por Bolsonaro

Presidente defende uso facultativo, em discurso criticado por infectologistas. Máscaras são 81% dos itens contra a Covid distribuídos

atualizado

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Mike Sena/Especial Metrópoles
máscaras brancas sobre fundo vermelho
1 de 1 máscaras brancas sobre fundo vermelho - Foto: Mike Sena/Especial Metrópoles

Recomendado como um dos principais mecanismos de prevenção contra a Covid-19, o uso de máscaras foi diversas vezes alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O item, porém, é o principal equipamento de proteção individual (EPI) distribuído pelo Ministério da Saúde desde o início da pandemia – representa 81% de todo o montante.

No total, 295,6 milhões desse EPI foram entregues pelo governo, dos quais 260,9 milhões de máscaras cirúrgicas e 34,6 milhões de máscaras N95 – consideradas de proteção mais eficiente.

Os dados fazem parte de uma análise do Metrópoles, com base em informações publicadas pelo LocalizaSUS, plataforma de prestação de contas do Ministério da Saúde.

Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde distribuiu 363,7 milhões de EPIs, como máscaras, luvas, toucas, sapatilhas, óculos de proteção facial e álcool em gel, entre outros.

Na terça-feira (24/8), o presidente Bolsonaro voltou a criticar o uso do equipamento. Agora, ele quer que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fixe um prazo para o fim da obrigatoriedade do item no país.

A comunidade médico-científica é unânime ao defender o uso do mecanismo de proteção. Países como Estados Unidos e Israel chegaram a liberar a circulação de pessoas vacinadas sem máscara em espaços abertos, mas recuaram diante do avanço da variante Delta.

Na quinta-feira (26/8), Queiroga adiantou que a pasta prepara estudo para impor o fim do uso de máscara. “[O estudo] tá caminhando. A prioridade é vacinar a população brasileira, e, à medida que temos uma melhora do cenário epidemiológico, todos nós ficaremos sem máscaras”, afirmou, sem dar detalhes.

Irresponsabilidade

O infectologista Dalcy Albuquerque, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), considera que parar de usar máscara é um contrassenso e uma atitude irresponsável.

“A gente falar em eliminar máscara no Brasil é, antes de qualquer outra coisa, um contrassenso. Vemos países em que deixaram de usar máscara e tiveram de voltar atrás. Estabelecer uma data para determinar o fim do uso beira a irresponsabilidade”, destaca.

O médico emenda: “Esse é o mais importante dispositivo de proteção pessoal. Se você se preocupa em usar a sua máscara, já garante a proteção. Ainda estamos com a transmissão em alta”.

A infectologista Juliana Lapa, professora da Universidade de Brasília (UnB), defende a continuidade do uso da proteção e alerta que bani-la aumenta o risco de transmissão da Covid-19.

“Certamente não é o momento para parar de usar. Com o aumento da variante Delta [considerada mais transmissível], a percepção de que a vacina diminui seu poder de proteção após seis meses e a discussão de terceira dose, isso não é adequado”, ressalta.

Cobrança do presidente

O presidente Bolsonaro voltou a defender recentemente o uso facultativo do item. É comum ver o chefe do Executivo sem máscara durante as cerimônias realizadas no Palácio do Planalto.

“Já vacinamos bem mais da metade da população acima de 18 anos, a população adulta. Estamos na iminência de ouvir o Ministério da Saúde e não mais tornar obrigatório o uso de máscara, sugerir que o uso de máscara passe a ser opcional. Nenhum governador comprou uma dose [da vacina] sequer”, disse o chefe do Executivo em entrevista à Rádio Farol, de Alagoas.

Apesar da cobrança do presidente, o Ministério da Saúde não divulgou data para o fim do uso obrigatório de máscara. O ministro da pasta, Marcelo Queiroga, declarou que a medida “depende do momento epidemiológico que estivermos vivendo”.

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