Governo federal ignorou 53 e-mails da Pfizer, revela vice da CPI
Segundo Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a última mensagem é datada de 2 de dezembro do ano passado. “É um e-mail desesperador”, publicou
atualizado
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O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou, nesta sexta-feira (4/6), que o governo federal ignorou 53 e-mails da farmacêutica Pfizer ofertando doses de vacinas contra Covid-19 ao Brasil.
O número de mensagens divulgado pelo parlamentar partiu, segundo ele, da análise de documentos recebidos pelo colegiado. Randolfe afirma que o último e-mail é datado de 2 de dezembro do ano passado. “É um e-mail desesperador da Pfizer pedindo algum tipo de informação, porque eles queriam fornecer vacinas ao Brasil”.
“Essa omissão na aquisição de vacinas da Pfizer acontecia ao mesmo tempo em que o nosso Itamaraty pressionava a Índia para liberar cargas de hidroxicloroquina a uma empresa brasileira”, continuou o senador.
CINQUENTA E TRÊS!
Na investigação que estamos fazendo na CPI da Pandemia descobrimos que, na verdade, foram 53 e-mails da Pfizer que ficaram sem resposta.
— Randolfe Rodrigues 💉👓 (@randolfeap) June 4, 2021
“Ministério paralelo”
Imagens obtidas pelo Metrópoles e divulgadas nesta sexta mostram o aconselhamento do chamado “ministério paralelo” sendo feito diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – com trechos explícitos de ressalvas à aplicação de vacinas. Trechos de uma reunião, ocorrida em 8 de setembro, também confirmam que Arthur Weintraub intermediava os contatos entre o grupo e o Palácio do Planalto.
Entre os participantes do encontro, está a imunologista Nise Yamaguchi, o deputado Osmar Terra, o virologista Paolo Zanoto e outros médicos de diversas especialidades. Confinados em uma sala de reuniões do Planalto, nenhum dos profissionais usa máscara.
As imagens também apontam Osmar Terra como o cacique intelectual do grupo. “Uma honra trabalhar com o senhor neste período” afirmou Nise Yamaguchi ao deputado. Na CPI da Pandemia, ela negou a existência de um gabinete paralelo, e disse que prestava apenas “aconselhamento”.
Tratado com deferência especial, o virologista Paolo Zanoto parece ter intimidade com Bolsonaro. O presidente faz questão de que ele saia da plateia e se sente ao seu lado. Para cumprimentá-lo, o presidente da República bate continência.
Na ocasião, Zanoto aconselha o presidente a tomar “extremo cuidado” com as vacinas contra a Covid-19. “Não tem condição de qualquer vacina estar realisticamente na fase 3”, diz. Na data do encontro, e-mails da Pfizer estavam sem resposta nos computadores do Ministério da Saúde.
A orientação antivacina prossegue. “Com todo respeito, eu acho que a gente tem que ter vacina, ou talvez não”, afirma o virologista, enquanto uma médica balança a cabeça de forma negativa. Ele baseia sua argumentação em um suposto problema dos coronavírus no desenvolvimento vacinal, sem apresentar qualquer evidência.
Veja:
🚨 Exclusivo! O Ministério Paralelo em ação. Vídeos comprovam aconselhamento feito por médicos a Bolsonaro em pleno Palácio do Planalto. Enquanto emails da Pfizer seguiam sem resposta, grupo levantava desconfiança sobre vacinas e tinha Osmar Terra como “padrinho”.
🎥:@SamPancher pic.twitter.com/kxR5tNLlFp
— Metrópoles (de 🏠) (@Metropoles) June 4, 2021