Governo federal financiou ONGs de fachada, inclusive loja de maconha, diz revista
Verba gasta chega a R$ 17 milhões. Uma das entidades beneficiadas é, na verdade, uma loja de artigos para consumo de tabaco e maconha
atualizado
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O governo federal financiou nove organizações não governamentais (ONGs) de fachada, revela reportagem da Crusoé. A revista digital aponta que o Executivo destinou, através de emendas parlamentares, cerca de R$ 17 milhões para entidades sem fins lucrativos que apenas existem no papel.
Parte das entidades beneficiadas com as verbas federais estão alocadas nas residências de servidores e até, segundo mostra a revista, em uma loja que vende artigos de maconha.
Sozinha, uma entidade recebeu R$ 200 mil da Secretaria Nacional de Política para as Mulheres, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Trata-se da Associação Beneficente Ensine Mão Amiga, coordenada por Helieth Dolores Pereira Duarte, que é ex-assessora especial de Damares Alves. Os números de telefone e o endereço informados pela entidade no Portal da Transparência são falsos.
Uma outra organização que teria sido beneficiada é, na verdade, uma loja, a Cultura Verde. O estabelecimento, especializado na venda de artigos para consumo de tabaco e maconha, recebeu R$ 1,2 milhão do Ministério do Turismo, por meio do Fundo Nacional do Turismo e da Fundação Cultural Palmares.
As denúncias chamam a atenção quando analisado o histórico da relação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com as ONGs. No ano passado, o mandatário do país chamou as entidades sem fins lucrativos de “câncer” e disse, ainda, que “as ONGs não têm vez” com ele.
“Eu boto para quebrar em cima desse pessoal, não consigo matar esse câncer chamado ONG”, disse. Na ocasião, o chefe do Executivo se referia exclusivamente aos grupos que atuam na preservação da Amazônia.
No entanto, em outras oportunidades, o presidente sempre deixou claro seu posicionamento contrário ao financiamento de organizações com dinheiro do governo federal. Antes de ser candidato, Bolsonaro defendeu que não destinaria “um centavo para ONG”.
Em nota, a ministra Damares Alves informou que não é a responsável técnica pelas análises e não possui atribuição que venha a interferir nas execuções dos recursos provenientes de emendas parlamentares. “Reiteramos, como foi informado para a revista Crusoé, que se tratam de emendas impositivas de parlamentares que indicaram as convenentes (ONGs)”.