Governo do RJ: os erros e acertos dos pré-candidatos em sabatina
Sete políticos que disputarão a corrida eleitoral carioca participaram de debate do SBT, Folha e UOL entre 4 e 15 de junho
atualizado
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Entre 4 e 15 de junho, sete pré-candidatos ao governo do RJ participaram das sabatinas SBT/Folha/UOL. A Lupa acompanhou todas elas e checou algumas das falas. Veja o resultado:
Wilson Witzel (PSC)
“O número [de desempregados no RJ] é alarmante: 1,2 milhão de pessoas”
Wilson Witzel, ex-juiz federal e pré-candidato do PSC ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOL no dia 4 de junho de 2018
“[O governo Cabral] colocou milhares de homens nas UPPs com pagamento de um adicional que hoje não existe mais”
Wilson Witzel, ex-juiz federal e pré-candidato do PSC ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOL no dia 4 de junho de 2018
A Unidade de Polícia Pacificadora é um programa de Segurança Pública que começou a ser implementado no fim de 2008 e que, em 8 de junho deste ano, tinha 36 unidades e um efetivo de 8.500 policiais. De acordo com a PM, os policiais que integram o projeto continuam recebendo uma gratificação de R$ 750 por mês, e esse adicional nunca foi suspenso – apenas acompanhou os atrasos gerais do pagamento do Estado.
Procurado, Witzel disse que “diversas UPPs foram extintas” e que o modelo das unidades pacificadoras “empregava um alto volume de recursos que o Estado não é mais capaz de pagar”.
Rubem César (PPS)
“Hoje, na faixa dos 18 aos 24 anos, são 500 mil [jovens] no RJ que não estudam nem trabalham”
Rubem César, diretor-executivo do Viva Rio e pré-candidato do PPS ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOL no dia 6 de junho de 2018
A Pnad Contínua de 2017 mostra que 530 mil jovens de 18 a 24 anos não trabalham ou estudam no Rio de Janeiro. Em 2016, eram 452 mil. Os dados sobre o país também mostram uma alta. Em 2017, dos 48,5 milhões de brasileiros com idades de 15 a 29 anos, 23% (ou 11,2 milhões) não trabalhavam nem estudavam. Em 2016, eram 21,9%.
“Hoje, os hotéis [do RJ] estão vazios”
Rubem César, diretor-executivo do Viva Rio e pré-candidato do PPS ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOL no dia 6 de junho de 2018
A Associação de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro (Abih-RJ)informa que, de janeiro a maio deste ano, a ocupação da rede hoteleira do RJ ficou entre 50% e 55%. Na última Semana Santa, o índice chegou a 77% no interior do estado e 49% na capital, ambos acima dos totais registrados em 2017. No carnaval, a média de quartos ocupados na cidade do Rio foi de 86%, acima dos 78% de 2016.
Procurado, Rubem César não retornou.
Índio da Costa (PSD)
“A ciclovia matou duas pessoas, e Eduardo Paes não se pronunciou sobre isso”
Índio da Costa, deputado federal e pré-candidato do PSD ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOLno dia 8 de junho de 2018
Em 21 de abril de 2016, um trecho de cerca de 30 metros da ciclovia Tim Maia, construída para unir os bairros Leblon e São Conrado, desabou e matou duas pessoas. No dia seguinte à queda, o então prefeito Eduardo Paes convocou uma coletiva e afirmou que assumia “suas responsabilidades”. Enfatizou que jamais iria “se esconder” e contou que tinha ligado pessoalmente para os familiares das vítimas.
Procurado, Índio alegou que “a fala de Paes se traduziu em um grande deboche, porque dois anos depois da morte das duas pessoas na ciclovia, ninguém havia sido punido por aquele descaso público”. Também ressaltou que ainda há partes da ciclovia interditadas.
“A filha do Eduardo Cunha é candidata. O filho do [Sérgio] Cabral é candidato, e o filho do [Jorge] Picciani é candidato”
Índio da Costa, deputado federal e pré-candidato do PSD ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOLno dia 8 de junho de 2018
Danielle Cunha, filha mais velha do ex-deputado federal Eduardo Cunha, preso desde o ano passado, se filiou ao MDB em dezembro de 2017. Até esta segunda-feira (18), o presidente nacional do partido, Romera Jucá, e o estadual do RJ, Leonardo Picciani, já tinham confirmado a candidatura dela. Os deputados federais Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador, e Leonardo Picciani, filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do RJ, também já tinham dito que tentarão se reeleger. Sérgio Cabral está na cadeia, e Jorge Picciani, em prisão domiciliar.
Anthony Garotinho (PRP)
“Eu tive 700 mil votos [para deputado federal]. Até hoje, nenhum deputado federal, nem o Bolsonaro no momento de [maior] popularidade dele, chegou perto disso”
Anthony Garotinho, ex-governador e pré-candidato do PRP ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOLno dia 8 de junho de 2018
Dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram que, em 2010, Garotinho foi o deputado federal mais votado do RJ, eleito pelo PR com 694.862 votos. Em 2014, Jair Bolsonaro teve a maior votação do estado: foi eleito pelo PP com 464.572 votos. Até hoje Garotinho carrega o título de deputado federal com maior votação no RJ.
“[No governo Pezão,] Não cumpriram nada [do acordo de recuperação fiscal]”
Anthony Garotinho, ex-governador e pré-candidato do PRP ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOLno dia 8 de junho de 2018
O Governo do RJ informa que o Plano de Recuperação Fiscal está “dividido em 20 metas” e que diversas delas já foram implementadas. Em nota, a atual gestão citou exemplos de medidas acordadas que já foram cumpridas. Entre elas, estão: o aumento da alíquota previdenciária (de 11% para 14%); a revisão de incentivos fiscais; a revisão de preço mínimo do petróleo; a alteração da alíquota de ICMS; a alteração da faixa de isenção e alíquotas do Imposto sobre Transmissão Causa-Mortis e Doações de Quaisquer Bens e Direitos (ITD); a reforma das pensões previdenciárias; a operação de crédito lastreada nas ações da Cedae (R$ 2,9 bilhões); a venda de folha de pessoal, em agosto de 2017 (R$ 1,3 bilhão) e a antecipação de royalties.
Procurado, Garotinho não retornou.
Tarcísio Motta (PSOL)
“Temos a polícia que mais mata e a polícia que mais morre”
Tarcísio Motta, vereador e pré-candidato do PSOL ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOL no dia 12 de junho de 2018
Os dados mais atuais do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados em 2017 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que, de fato, a polícia que mais morreu e mais matou em confrontos foi a do RJ. Em 2016, 132 policiais – entre civis e militares – foram mortos no RJ. Nesse mesmo ano, o estado também teve a maior taxa de mortes de policiais do Brasil (calculada sobre o efetivo): 2,3 a cada mil em serviço. O RJ ainda apareceu como o estado com o maior número de mortes decorrentes de confrontos com policiais. Em 2016, foram 925 pessoas.
“Não teve nenhum efeito prático [a operação do Exército contra roubo de carga no Rio]”
Tarcísio Motta, vereador e pré-candidato do PSOL ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOL no dia 12 de junho de 2018
A operação a que o candidato se refere foi realizada pelo Exército nas vias expressas do RJ no dia 1º de fevereiro. Em nota, o Comando Militar do Leste (CML) informou que a ação visava a coibir os roubos de cargas e não prender suspeitos. Destacou ainda que, no dia da operação, houve 13 roubos de carga, bem abaixo da média diária de 54 casos.
Procurado, Tarcísio afirmou que a ação do Exército ocorreu no mesmo dia da operação Barba Negra, feita pelas polícias Civil, Federal e Rodoviária Federal – e que 16 pessoas relacionadas ao roubo de carga foram presas. Para Tarcísio, a operação que coibiu os roubos foi a Barba Negra – não a do Exército.
Leonardo Giordano (PC do B)
“Nós [RJ] temos recordes em patentes”
Leonardo Giordano, vereador de Niterói e pré-candidato do PCdoB ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOL no dia 13 de junho de 2018
O último relatório do Instituto Nacional da Propriedade Industrial(INPI) indica que SP é o estado recordista em todas as categorias de pedidos de patentes no Brasil. Em 2017, encabeçou o ranking de pedidos de patentes por invenção com 1.640 casos. O RJ ficou em segundo, com 672. O RJ também ficou em segundo nos pedidos de marca. Foram 16.116 mil contra 60.195 mil de SP. Já nas solicitações de patentes de modelos de utilidade e desenho industrial, o RJ ficou, respectivamente, em 6º e 7º lugares, atrás de Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina.
Procurado, Giordano declarou que, por conta do “calor do debate”, foi impreciso em sua fala e que pretendia dizer que o RJ tem “recorde de doutores”. O pré-candidato diz que não tem havido correspondência entre este potencial e a geração de empregos no estado
“Mais de 90% dos homicídios no RJ não são esclarecidos”
Leonardo Giordano, vereador de Niterói e pré-candidato do PCdoB ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOL no dia 13 de junho de 2018
Levantamento realizado pelo instituto Sou da Paz mostra que 89% dos homicídios que ocorreram no RJ em 2015 ainda não foram esclarecidos. O RJ é um dos seis estados que repassaram à entidade os dados de homicídios solucionados para que o levantamento pudesse ser feito.
Pedro Fernandes (PDT)
“Praticamente todos os partidos têm envolvimento na Lava Jato”
Pedro Fernandes, pré-candidato do PDT ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOL no dia 15 de junho de 2018
Hoje há 35 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral. Destes, 14 já foram investigados pela Lava Jato. Em 2017, o ministro Edson Facchin do Supremo Tribunal Federal recebeu denúncia do ex-procurador Rodrigo Janot e autorizou a abertura de inquérito para investigar ministros, governadores, senadores e deputados, foram citados políticos de pelo menos 13 legendas: PMDB (MDB), PT, PSDB, PP, PTC, PSB, Solidariedade, PPS, DEM, PR, PC do B, PRB e PSD. Há também uma ação de improbidade administrativa contra o PP no Ministério Público Federal do Paraná, onde fica a Força-Tarefa da Lava Jato.
Procurado, Pedro Fernandes afirmou que se referia aos principais partidos que atuam no país.
“A Polícia Militar perde por ano cerca de 1.200 oficiais”
Pedro Fernandes, pré-candidato do PDT ao governo do Rio de Janeiro, em sabatina feita pelo SBT/Folha/UOL no dia 15 de junho de 2018
De acordo com a PM, em 2014, 1.213 policiais passaram à reserva remunerada. Em 2015, foram 1.422. Em 2016, caiu para 1.192. Esses números incluem oficiais e praças.
Reportagem: Clara Becker e Nathália Afonso
Edição: Natalia Leal e Cristina Tardáguila