Governo admite atraso no lançamento de satélite que vai monitorar Amazônia
Lançamento do satélite será feito da Índia, país que convive com fortes restrições devido à pandemia do novo coronavírus
atualizado
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A Agência Espacial Brasileira (AEB) já admite que pode adiar o lançamento do satélite Amazônia-1, previsto, inicialmente, para entrar em órbita ainda no segundo semestre de 2020. Com os efeitos da pandemia do novo coronavírus, porém, o pré-agendamento corre risco de ser adiado.
O equipamento vai ampliar a capacidade do país de monitorar movimentações na Amazônia, com captação de imagens por uma tecnologia 100% desenvolvida no país e com foco nas necessidades locais.
Em sua fase final de desenvolvimento, o equipamento, antes de entrar em órbita, será enviado a Índia, de onde decola. Ocorre que com as limitações impostas pela pandemia, esses prazos estão em risco.
A possível mudança nos planos foi revelada via Lei de Acesso à Informação (LAI) em resposta a consulta feita pela reportagem sobre o andamento da construção equipamento para monitorar o maior bioma brasileiro. A Agência Espacial Brasileira (AEB) assumiu o possível atraso, mas destacou que, atualmente, o satélite está em fase final de desenvolvimento, prestes a dar início aos “testes elétricos e ambientais”, que antecedem o lançamento.
Sobre o prazo inicial, de decolagem no segundo semestre, a agência informa que ela “pode ser afetada” devido às “restrições do isolamento social decorrentes da atual pandemia do Covid-19”.
A informação chega em um momento que o governo enfrenta pressão interna e externa de empresários e investidores em função no aumento das queimadas e desmatamento na região da floresta amazônica.
Nessa quinta-feira (9/7), após pressão de gestores de fundos, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que preside o Conselho da Amazônia, informou que irá interromper as queimadas legais por 120 dias. Na sexta (10/9), ele admitiu que o governo demorou a agir para conter o desmatamento.
Uso do satélite
O satélite terá como missão o fornecimento de imagens destinadas ao monitoramento da agricultura e do desmatamento, especialmente na região amazônica. O equipamento compõe uma plataforma de satélites criada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Em 2019, desavenças entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o então presidente do Inpe, Ricardo Galvão, resultaram na primeira crise do setor, com a demissão do titular da autarquia. Bolsonaro chegou a dizer que o executivo agia “a serviço de alguma ONG” por ter divulgado dados sobre queimadas e desmatamento.
Foi Galvão quem assinou o contrato de lançamento com a empresa norte-americana Spacefligth para colocar em órbita o primeiro satélite de observação com tecnologia 100% nacional. O foguete que será utilizado é fabricado pela Organização de Pesquisa Espacial Indiana (ISRO na sigla em inglês).
Quando posto em órbita, o Amazônia-1 poderá reforçar ainda mais esses dados. Atualmente, o Inpe utiliza uma base de dados fornecida por imagens de vários satélites, incluindo equipamentos de monitoramento de outros países.