metropoles.com

Governadores pretendem ir ao STF contra mudança no ICMS dos combustíveis

Medida aprovada na Câmara será analisada pelo Senado, onde o clima é mais hostil à proposta

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Vinicius Schmidt/Metrópoles
posto-de-gasolina
1 de 1 posto-de-gasolina - Foto: Vinicius Schmidt/Metrópoles

Governadores já se articulam para tentar barrar as mudanças aprovadas na Câmara sobre a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide no valor dos combustíveis nos estados. A proposta foi priorizada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que conseguiu, em tempo recorde, construir um acordo para sua aprovação na noite dessa quarta-feira (13/10).

Agora, os mandatários dos estados armam reação em duas frentes. Uma delas é a pressão sobre senadores para barrar as mudanças aprovadas. A outra é encontrar a melhor forma de ingressar no Supremo Tribuna Federal (STF) com pedido para anular a decisão.

De acordo com o texto da Câmara, estados e o Distrito Federal poderão definir anualmente as alíquotas específicas. A taxa do tributo será calculada com base no valor médio dos combustíveis nos últimos dois anos. Hoje, o ICMS é calculado com base em um preço de referência, conhecido como PMPF (preço médio ponderado ao consumidor final), revisto a cada 15 dias de acordo com pesquisa de preços nos postos. Sobre esse valor, são aplicadas as alíquotas de cada combustível.

Argumentos

Para os governadores, o projeto não é eficaz para trazer redução no preço dos combustíveis por não atacar a política de preços da Petrobras. Além disso, eles argumentam que a medida, tal como foi aprovada, causará um enorme prejuízo aos cofres estaduais.

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), indica um estudo realizado pelo Conselho dos Secretários de Fazenda dos estados (Consefaz) que estima a perda em R$ 24,1 bilhões.

“Há sim uma perda, não é deixar de ganhar, é uma perda de 24,1 bilhões de reais para estados e municípios”, disse o governador. “E isso ocorre em num momento delicado do país”, destacou.

Dias aponta alternativas já cogitadas pelo governo de capitalizar o fundo de equalização dos combustíveis.

“Por que que não se trabalha com muita força a proposta que o próprio ministro Paulo Guedes e agora o próprio Bolsonaro já admitiram? De capitalizar o fundo de equalização dos combustíveis. Isso, sim, faz cair o preço da gasolina para aproximadamente quase R$ 4,50, e não apenas 40 centavos, como é essa proposta da Câmara. Na verdade, a gente tem que trabalhar mesmo é pela reforma tributária”, continuou.

Outro argumento alegado para levantar a inconstitucionalidade da proposta é de que a Câmara não teria a atribuição de decidir sobre a receita dos estados. “Como votam no Congresso Nacional um projeto sobre tributação estadual? Não há autorização constitucional”, disse o petista.

O governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) também criticou a aprovação e classificou a medida com uma “penalização” das unidades federativas.

“Não é um projeto de redução do ICMS. É um projeto de penalização dos estados. Nós aqui reduzimos o ICMS em um parcelamento em três anos. Fizemos a nossa parte. O Congresso está fazendo de forma inconstitucional, porque quem tem de fazer a redução do ICMS são os estados, e não a União”, disse o emedebista.

“Terreno hostil”

A expectativa é de que no Senado a proposta não consiga avançar com tanta facilidade. “O clima aqui não é favorável. É muito mais hostil que na Câmara”, disse o senador Izaci Lucas (PSDB-DF), ao Metrópoles. O tucano já prepara uma emenda para modificar a proposta, com o objetivo de fazer com que a Petrobras também reduza seu percentual na composição do preço.

Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da minoria no Senador, a proposta da Câmara não passa de um “anestésico” para os altos preços, mas está longe de resolver o problema.

“Essa medida é um paliativo perigoso. Não passa de um anestésico. A dor da crise causada pelos reajustes dolarizados em tempo real é causada pela política de preços internos adotada desde 2017. A retomada econômica da economia mundial e o inverno europeu projetam ainda mais aumentos até janeiro de 2022”, argumentou.

“O Brasil é autossuficiente em petróleo e não deveria estar 100% sujeito às intempéries e conjunturas de outros países. E a Petrobras não deveria estar agindo como se fosse uma mera importadora, desacelerando suas próprias refinarias para dar espaço ao combustível importado. Alterar o preço-base é medida superficial cujo percentual de redução irá desaparecer em questão de dias. A estrutura é que está errada. E esse erro está implicando em perda de competitividade e muito sofrimento desnecessário impingido à população”, destacou.

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que a Casa não decidirá sobre as mudanças sem ouvir governadores e evitou “antever” um desfecho. “É muito importante ouvirmos governadores a respeito do projeto. A Câmara cumpriu uma etapa e, agora, cabe ao Senado fazer uma avaliação do projeto”, disse o senador.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?