Governadores alertam para risco de colapso total em rede hospitalar
Encontro virtual no Senado contou com gestores de São Paulo, Espírito Santo, Maranhão e Rio Grande do Sul
atualizado
Compartilhar notícia
Governadores alertaram, nesta segunda-feira (15/3), em audiência pública promovida pela comissão temporária do Senado que acompanha a Covid-19, que a pandemia pode provocar um colapso em hospitais públicos e privados do país até o fim deste mês de março.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que a pandemia provocou sobrecarga na rede hospitalar, especialmente nos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI).
“Jovens com 18, 19, 20 e 25 anos sendo hospitalizados em UTIs. São Paulo tem a mais robusta estrutura hospitalar da América Latina, em hospitais públicos e privados. Já estamos chegando quase a 90% da ocupação de todos os leitos, e rapidamente tendo uma necessidade de disponibilizar mais leitos”, afirmou o tucano.
“E o problema não é disponibilizar mais leitos: é não termos recursos humanos. Não há condição de formarmos profissionais para as ações em UTIs. Estamos todos no Brasil vivendo um momento de profunda dificuldade e à beira de um colapso total”, acrescentou.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), afirmou que a situação do estado se agravou muito na última semana, quando a ocupação de leitos saltou de 70% para 88%.
“Estamos com mais de 20 estados com o sistema em colapso. Enquanto o sistema está atendendo, o óbito pode ser um pouco mais controlado. Depois que o sistema entra em colapso, as pessoas passam a perder a vida em leitos de unidades de pronto-atendimento. Este é um problema grave”, alertou.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), cobrou da União o pagamento por leitos de UTI criados nos estados. Ele entrou na Justiça para assegurar o credenciamento das unidades de terapia intensiva, que foram desabilitadas no início deste ano.
“Chegamos a ter apenas 300 pacientes com coronavírus internados no Maranhão em dezembro. Hoje vamos chegando a 2 mil novamente. Tivemos uma multiplicação por seis em dois meses, praticamente. São 1.568 leitos estaduais para coronavírus, fora municípios e rede privada. Com ocupação girando entre 80% e 90% há várias semanas”, afirmou.
O Brasil registrou, no domingo (14/3), média móvel de mortes causadas por Covid-19 de 1.831, batendo recorde pelo 19° dia consecutivo. O indicador, em comparação com o verificado há 14 dias, sofreu acréscimo de 49,44%, mostrando tendência de alta nos óbitos. Diversos estados vêm alertando para a ocupação dos leitos de UTIs.
No total, o país já perdeu 278.229 vidas para a doença e computou 11.483.370 casos de contaminação.