Governador do Acre critica atos pós-2º turno e quer diálogo com Lula
Aliado de Bolsonaro, o governador reeleito do Acre afirmou que atos que contestam resultado do pleito podem afetar o abastecimento do estado
atualizado
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Em entrevista ao Metrópoles, o governador reeleito do Acre, Gladson Cameli (PP), criticou as manifestações registradas nos últimos dias que impediram a circulação de carros em estradas de todo país. Desde o dia 30 de outubro, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) foram às ruas para protestar contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Cameli, que é aliado de Bolsonaro, requisitou a ação das forças de segurança do estado para impedir os bloqueios das rodovias BR-364 e BR-367, sob risco de impacto no abastecimento do estado.
“É preciso ter bem claro que todos têm o direito de se manifestar. Porém, essa manifestação tem que ser pacífica e ordeira, sem atrapalhar a vida do cidadão. Nosso estado não pode correr o risco de desabastecimento, ainda mais de produtos e serviços essenciais”, disse.
Cameli foi questionado sobre a inação do presidente para demover os apoiadores dos atos. O governador acreano avaliou que “antes de tudo, o presidente é um patriota e democrata”. “Como ele mesmo diz, sempre trabalhou dentro das quatro linhas da Constituição”, defendeu.
Bolsonaro só pediu aos apoiadores que desobstruíssem as rodovias dois dias depois do início dos atos, que começaram ao final do segundo turno das eleições. Na ocasião, o presidente disse que o “fechamento de rodovias prejudica o direito de ir e vir das pessoas e apelou: “Desobstruam as rodovias, isso não faz parte das manifestações legítimas”.
O pedido de Bolsonaro somado ao uso de força policial surtiu efeito e grandes partes dos bloqueios foram contornados. Até a tarde dessa quarta-feira (9/11), as rodovias do país não registravam mais bloqueios e interdições, segundo a Polícia Rodoviária Federa (PRF).
“Gratidão a Bolsonaro”
Eleito ainda no primeiro turno, Cameli trabalhou durante todo segundo turno para consolidar votos a Bolsonaro no Acre. O atual presidente já havia vencido Lula no estado e foi o candidato mais votado em 18 das 22 cidades, no dia 30 de outubro.
Para o governador do estado, os votos do eleitorado acreano a Bolsonaro podem ser interpretados como “gratidão do eleitor a tudo que o governo federal fez pelo nosso estado”.
“Desde o começo, trabalhamos muito pela candidatura de Bolsonaro porque acreditamos que ele foi um grande parceiro para o estado do Acre. Somos um estado que ainda depende muito das verbas federais e nesse governo tivemos apoio para avançar em diversas áreas como segurança, saúde, educação. Então, essa vitória no estado pode ser vista como a gratidão do eleitor acreano a tudo o que o governo federal fez pelo nosso estado”, disse ao Metrópoles.
Conversa com Lula
O governador afirma que, apesar de ter feito campanha para Bolsonaro nas eleições, está aberto a dialogar com o presidente eleito. “Quando chegar a hora de nos sentarmos e discutirmos, penso que vou estar a frente do Luiz Inácio Lula da Silva, presidente de todos os brasileiros”, enfatizou.
“Estou preparado para ir como Gladson Cameli, governador de todos os acreanos. A eleição já passou, as siglas partidárias têm que estar em segundo plano. Por exemplo, aqui no estado do Acre, temos alguns municípios em que os prefeitos são do PT. E a maioria deles me apoiou para a reeleição, num sinal de que é possível colocar o bem-estar das pessoas em primeiro lugar”, prosseguiu.
Segundo Cameli, Lula deu “recado claro de que pretende fazer um governo de pacificação quando escolheu Geraldo Alckmin, um ex-adversário como vice”. “De nossa parte, vamos continuar trabalhando colocando em primeiro lugar as pessoas”, finalizou.