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Governador de SC, do PSL: “Polarização não leva a lugar nenhum”

Eleito na onda do bolsonarismo, em 2018, ex-bombeiro dialoga com MST e atrai partidos de esquerda para sua base

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Vinícius Santa Rosa/ Metrópoles
Jantar para o governador Comandante Moisés da Silva
1 de 1 Jantar para o governador Comandante Moisés da Silva - Foto: Vinícius Santa Rosa/ Metrópoles

Eleito governador de Santa Catarina em 2018 com 71% dos votos válidos, o bombeiro Carlos Moisés da Silva, o Comandante Moisés, surfou na onda de Jair Bolsonaro, mas se afastou do presidente e foi o único dos três governadores do PSL que não embarcou no projeto de criação do partido Aliança pelo Brasil.

Enquanto seus antigos aliados mantêm um discurso ideológico radical e antiesquerda, Moisés dialoga com agricultores do Movimento dos Sem Terra (MST), tem o PDT em sua base e aprovou projeto para registrar a carteira de identidade de transexuais com nome social. Para ele, o gestor público não deve ficar preso a ideologias.

Por que o sr. decidiu ficar no PSL em vez de entrar no projeto do Aliança pelo Brasil?
Quando houve esse movimento, eu tive a convicção de que deveria permanecer, porque nós temos uma linha de conversar com todos os setores, ter flexibilidade e não assumir pautas radicais. Nos primeiros meses do meu governo havia alguns políticos do PSL de Santa Catarina que tinham essa visão mais radical e extremista. Como eles saíram, eu decidi ficar. Fui criticado por eles por ter recebido movimentos indígenas, agricultores ligados ao MST e as Mães pela Diversidade. Percebi que eu não queria ficar nesse espaço beligerante. Fui construir um partido mais equilibrado, do meu jeito. A gente respeita as diferenças e os diferentes.

O discurso dos bolsonaristas é muito beligerante?
Não se pode generalizar. Em Santa Catarina alguns são equilibrados, mas outros têm atitudes que chamam a atenção. Alguns se afastaram do governo. Enquanto a gente defendia algumas bandeiras de entrega de obras, alguns diziam que elas não podiam ser entregues porque começaram no governo anterior. Esse radicalismo não cabe no governo.

Como vê a campanha que prega abstinência sexual?
Até a igreja reavalia hoje a questão do celibato. Cada um vive do jeito que quiser.

Como avalia a gestão do ministro Abraham Weintraub no MEC?
Prefiro não avaliar.

A questão ideológica pode atrapalhar o governo?
A gestão deve retirar os extremos. As ideologias atrapalham bastante. Nem a extrema direita nem a extrema esquerda trouxeram bons resultados em lugar nenhum, e não farão isso no Brasil. Temos que nos despir das ideologias.

O sr. se define como de direita?
Não gosto desse tipo de definição, esquerda ou direita. Prefiro o equilíbrio. Estou no centro ou centro-direita, mas não gosto de me autodefinir.

O sr. é liberal nos costumes ou conservador?
Se você considerar que não perseguir LGBT é ser liberal nos costumes, então sou. Jamais permitiria que no meu governo se perseguisse qualquer opção. A maioria das pessoas apoiou essa ação do governo. O Instituto Geral de Perícias, que emite as identidades, juntou o nome social, tipo sanguíneo e todos os documentos em um só. O nome social é questão de dignidade humana. Se a pessoa se chama João, mas prefere ser chamada de Maria, o Estado não tem que dizer que é João.

O sr. acha importante dialogar com a esquerda?
Tenho certeza de que a esquerda votou em mim. Basta fazer as contas. Pregamos a união. O País está polarizado, mas essa disputa não leva a lugar nenhum. Na Assembleia temos, na base, partidos de esquerda, como PDT. São quatro deputados do PT e alguns deles votam conosco em algumas matérias.

O sr. ainda se considera um bolsonarista?
Eu trabalhei na campanha do presidente, mas nunca idolatrei nenhum ser humano. Sempre fico com pé atrás quando alguém se diz chavista, bolsonarista ou qualquer “ista” da vida. O presidente tem nosso apoio aqui, mas não levanto essa bandeira ou expressão bolsonarista.

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