Gleisi: “BC não deu um pio sobre façanhas orçamentárias de Bolsonaro”
Gleisi Hoffmann critica Banco Central (BC) enquanto autarquia mantém juros elevados e ata do Copom destaca preocupação com o fiscal
atualizado
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Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT e deputada federal, disse nesta terça-feira (7/2) que o Banco Central (BC) é mais crítico ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com ela, a autarquia “não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de Bolsonaro”.
“A nota divulgada pelo Bacen [Banco Central] está muito mais crítica ao governo [Lula] do que acontecia no ano passado, quando o Banco Central não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de [Jair] Bolsonaro para se reeleger”, declarou a política. “Aliás, o ‘mercado’ também aquiesceu”, disse. Ela alega que houve um endosso dos agentes do mercado às medidas tomadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A nota divulgada pelo Bacen está muito mais crítica ao governo do que acontecia no ano passado, quando o Banco Central não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de Bolsonaro para se reeleger. Aliás, o 'mercado' também aquiesceu
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) February 7, 2023
A crítica de Gleisi Hoffmann faz referência à ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada também nesta terça. Na reunião da semana passada, o grupo manteve a Selic em 13,75% ao ano. No documento, o BC demonstra incerteza em relação ao âmbito fiscal do país. O Brasil fechou 2022 com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 5,79%.
“Do ponto de vista de riscos domésticos, no tema fiscal, há dois conjuntos de riscos que se interseccionam. Em primeiro lugar, a revisão do arcabouço fiscal diminui a visibilidade sobre as contas públicas para os próximos anos e introduz prêmios nos preços de ativos e impacta as expectativas de inflação. Em segundo lugar, no que tange aos estímulos fiscais, o Copom seguirá acompanhando seus impactos sobre atividade e inflação e reforça que, em ambiente de hiato do produto reduzido, os impactos sobre a inflação tendem a se sobrepor aos impactos almejados sobre a atividade”, diz o texto.
Neste ano, o governo terá que apresentar uma proposta de um novo arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos implementado durante a gestão Michel Temer.
O BC também observou que a política fiscal do governo Lula é expansionista, ou seja, de ampliação de gastos e que isso poderá pressionar as metas de inflação.
Críticas anteriores
Não é só a presidente do PT que critica a autarquia, hoje um órgão independente ao governo federal. O presidente Lula também faz reiterados ataques contra o Banco Central. “É uma vergonha esse aumento do juro”, disparou o chefe do Executivo em evento na segunda-feira (6).
Porém, o BC vem fazendo críticas aos expansionismos fiscais desde a gestão Bolsonaro. Na ata de agosto de 2022, após a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) dos Benefícios aprovado no Congresso que estourou o teto em R$ 41,2 bilhões, o Copom observou:
“Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação. Destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos”, diz a ata.
“O Comitê pondera que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário”, disse. À época, não havia discussões sobre um novo arcabouço fiscal.
O novo arcabouço foi incluído na PEC da Transição patrocinada por Lula no Congresso que liberou R$ 145 bilhões para recompor o Orçamento o União.