Gilmar Mendes confirma que sua família é fornecedora de gado para JBS
O ministro acredita que a relação comercial não é motivo para ele se declarar impedido de votar em processos relacionados à empresa
atualizado
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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou que sua família é fornecedora de gado para o grupo JBS, cujos donos tiveram acordo de delação premiada homologado pela Corte recentemente.
A afirmação foi feita à reportagem do jornal Folha de S. Paulo, que questionou ao ministro detalhes sobre o encontro que ele teve com o empresário Joesley Batista, um dos sócios da JBS. Joesley detonou uma crise política ao entregar aos investigadores da Lava Jato gravações que comprometem políticos, entre eles, o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
“Minha família é de agropecuaristas e vendemos gado à JBS lá (Mato Grosso)”, afirmou Gilmar Mendes, acrescentando que um irmão segue à frente dos negócios com o grupo.
“Eu já havia o (Joesley) encontrado em outras ocasiões. A JBS tem um grande frigorífico em Diamantino (MT), minha terra, implantado pelo grupo Bertin no governo de Blairo Maggi”, completou.De acordo com o ministro, a relação comercial com a empresa não é motivo para ele se declarar impedido de participar das votações futuras relacionadas à JBS no Supremo.
“Não. Por quê? As causas de impedimentos ou suspeição são estritas”, reagiu. “Se fosse assim, não poderia julgar causas da Folha, Carrefour, Mercedes-Benz, Saraiva”, acrescentou, fazendo referências a marcas e empresas das quais é cliente ou tem ligação.
Ainda segundo Gilmar Mendes, a reunião com Joesley foi realizada a pedido do advogado Francisco de Assis e Silva, um dos delatores da empresa. O empresário teria aparecido de surpresa ao encontro realizado no IDP, escola de direito de Brasília da qual o ministro do STF é sócio.
A data da conversa com Joesley, segundo Gilmar, é posterior a 30 de março, quando o STF realizou um julgamento sobre o Funrural, fundo abastecido com contribuições de produtores rurais à Previdência. O ministro disse que, neste caso específico, votou contra os interesses da JBS.