Gilmar após vídeo de Bolsonaro: “Instituições devem ser honradas”
Ministro do STF recorreu às redes para defender a Constituição. Mesmo sem citar o vídeo do presidente, ele pregou “respeito mútuo”
atualizado
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes defendeu, nas suas redes sociais, que as instituições do país “devem ser honradas”. A mensagem foi publicada no dia seguinte à revelação de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disparou vídeo de convocação para pessoas irem às manifestações do dia 15 de março. Além de serem um ato em defesa do governo, muitas das mensagens de apoiadores pregaram o fechamento do Congresso e do STF.
“A CF88 [Constituição Federal de 1988] garantiu o nosso maior período de estabilidade democrática. A harmonia e o respeito mútuo entre os Poderes são pilares do Estado de Direito, independemente [sic] dos governantes de hoje ou de amanhã”, pregou o ministro.
“Nossas instituições devem ser honradas por aqueles aos quais incumbe guardá-las”, prosseguiu.
A CF88 garantiu o nosso maior período de estabilidade democrática. A harmonia e o respeito mútuo entre os Poderes são pilares do Estado de Direito, independemente dos governantes de hoje ou de amanhã. Nossas instituições devem ser honradas por aqueles aos quais incumbe guardá-las
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) February 26, 2020
No último domingo (26/02/2020), foi revelado que Bolsonaro disparou entre seus contatos de WhatsApp um vídeo convocando as pessoas a irem ao movimento, deflagrado após áudio do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, pregar que as pessoas “fossem às ruas” contra o que ele chamou de “chantagem” do Congresso na execução do orçamento federal.
Para concluir, ele soltou um “foda-se” para o Parlamento. Apoiadores do presidente passaram, após a revelação dos áudios, a arquitetar um movimento de apoio ao Executivo. Heleno queixava-se do fato de congressistas ameaçarem derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro no porcentual do orçamento que seria decidido pelos deputados e senadores.
“Cunho pessoal”
Após a repercussão negativa da mensagem, o presidente foi às redes dizer que o envio do vídeo tinha “cunho pessoal“, na tentativa de desvincular o cargo do chamamento para o protesto.
Tenho 35Mi de seguidores em minhas mídias sociais, c/ notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 26, 2020