General quer filho de Bolsonaro na chefia da Câmara
Bancada do PSL deverá indicar Eduardo. Líder das candidaturas militares, Peternelli fala em acordo com MDB que envolve o Senado
atualizado
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Coordenador das candidaturas de militares das Forças Armadas e deputado eleito por São Paulo, o general Roberto Sebastião Peternelli Júnior (PSL) afirmou que os partidos com as maiores bancadas na Câmara em janeiro – o PSL – e no Senado – o MDB – devem presidir as respectivas Casas. Ele defendeu a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a presidência da Câmara. Filho do presidenciável Jair Bolsonaro, Eduardo foi reeleito com 1,8 milhão de votos.
O fato de ele ser filho do candidato à Presidência não seria um problema, segundo o general. “Família não pode ajudar, mas também não pode atrapalhar.” Peternelli saiu aspirante-a-oficial na turma de 1976, da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), onde foi contemporâneo de Bolsonaro (turma de 1977) e do general Hamilton Mourão (turma de 1975), candidato a vice-presidente na chapa. É amigo do general Eliéser Monteiro Girão, também eleito deputado federal pelo PSL, que ontem defendeu o impeachment e a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal.
A decisão de indicar Eduardo Bolsonaro para presidir a Câmara foi fechada em reunião da bancada paulista do PSL – o partido elegeu dez deputados federais no Estado. “Teremos a maior bancada em janeiro e temos o deputado mais bem votado, Eduardo Bolsonaro. Mas quem vai decidir isso será o Jair”, disse o general.
A disposição de fazê-lo presidente da Casa foi confirmada pelo senador eleito Major Olímpio (PSL-SP). “Por meritocracia, seria o Eduardo Bolsonaro, que teve a maior votação.” Olímpio admitiu, no entanto, que há a possibilidade de a sigla indicar o deputado eleito Luciano Bivar (PE), fundador do PSL para o cargo. O partido elegeu 52 deputados, mas tem a expectativa de que mais deputados resolvam aderir à legenda até o fim do ano, fazendo sua bancada ultrapassar a do PT, que obteve 56 cadeiras na Câmara.
Assembleia
Além dos deputados federais eleitos, os 15 estaduais do PSL participaram do encontro, entre eles, o capitão reformado do Exército Castelo Branco. Na semana passada, Castelo Branco afirmou que o nome da deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) deve ser indicada pelo partido para presidir a Assembleia Legislativa de São Paulo. “Ela deve ser a primeira mulher a presidir a Casa”, afirmou o capitão.
O PSL fez 15 deputados estaduais em 2018, o que significa a maior bancada da Assembleia Legislativa na próxima legislatura. Janaína Paschoal recebeu mais de 2 milhões de votos e foi a deputada estadual mais votada da história. Segundo Olímpio, que é ainda o presidente do PSL paulista, a escolha se deu por unanimidade na bancada.
“Os mais de 2 milhões de votos dela arrastaram junto mais da metade da bancada, visto que a cada 210 mil votos entrou mais um parlamentar. Ela é madrinha da maioria dos deputados”, disse Olímpio. Ainda segundo ele, a tradição da Casa também é de que a maior bancada faça a indicação do presidente.
Salários
Além de se preocupar com a eleição dos presidentes das duas Casas do Congresso, a bancada do PSL terá de enfrentar uma pauta delicada logo no início da próxima legislatura. “Teremos uma pauta difícil no começo do governo”, afirmou o general Sebastião Peternelli, ao se referir às decisões que o futuro presidente deve tomar sobre o aumento do salário mínimo, o reajuste do funcionalismo público e a manutenção ou não do subsídio para o diesel para os caminhoneiros.
“Não adianta você conceder um aumento que não há viabilidade de ser executado. Há uma defasagem de 15 anos no soldo. A caserna vai compreender. Não podemos pensar, o foco do presidente é o bem comum, o Brasil. Em uma primeira etapa, o aumento que foi dado ao funcionalismo civil deve ser dado aos militares. Mas a decisão é do próprio Bolsonaro.”
Diante da perspectiva de invasões de propriedades públicas e privadas durante manifestações, o general afirmou defender que essas ações – tanto no campo quanto na cidade – sejam tipificadas como terrorismo, assim proposto por Bolsonaro. “É preciso cumprir a lei”, disse. “Se a legislação atual não está sendo suficiente para inibir essas invasões, você precisa mudar para que a lei branda não estimule as invasões. É preciso dar tranquilidade ao homem do campo”, afirmou.
O general defendeu, por fim, que o Congresso vote e regulamente a prisão de réus após a condenação em segunda instância, tema ainda em discussão no Supremo Tribunal Federal.