Gasto de deputados com cota parlamentar é o mais alto em 4 anos
Deputados gastaram, nos quatro primeiros meses deste ano, o equivalente a R$ 65,8 milhões para custeio de despesas do mandato
atualizado
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A Câmara registrou, nos quatro primeiros meses de 2022, o início de ano mais caro no que diz respeito a gastos com a cota parlamentar de toda a atual legislatura (2019 a 2023). Ao todo, deputados desembolsaram aproximadamente R$ 65,8 milhões para custeio das despesas do mandato – um aumento de R$ 6,1 milhões na comparação com o mesmo período do ano passado.
A diferença é ainda maior em relação às despesas da Casa nos primeiros meses da pandemia no país, entre janeiro e abril de 2020. Na ocasião, o gasto com a cota parlamentar correspondeu a R$ 55,9 milhões. Ou seja, o começo deste ano custou R$ 10 milhões a mais aos cofres públicos do que o início de 2020.
O montante é superior, inclusive, aos parâmetros anteriores à crise sanitária: em 2019, as despesas da Câmara somaram R$ 63,4 milhões, no mesmo período.
A cota parlamentar é um benefício usufruído pelos deputados para custear as despesas que envolvem o exercício do mandato, como passagens aéreas, telefonia, correios, aluguel de veículos, escritório e combustível. Os pagamentos são feitos através de débito automático ou por meio de reembolso.
Os valores são de levantamento feito pelo Metrópoles com base em dados públicos do portal da transparência da Casa. Para o cálculo, a reportagem considerou os montantes desembolsados entre janeiro e abril, uma vez que o mês de maio ainda não se encerrou.
Os números ainda podem mudar porque os parlamentares têm até 90 dias para apresentar documentos comprovando as despesas.
Os caros e baratos
Em 2022, a deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR) foi quem mais utilizou a cota. Até o presente mês, a parlamentar despendeu R$ 205.963,66 do benefício. Os maiores gastos são referentes às despesas com passagens aéreas: R$ 49.630,61, ao todo. Na sequência, está a verba usada para aluguel de veículos, que foi de R$ 49,2 mil no período.
A deputada da Rede gastou R$ 5 mil a mais que a segunda colocada: Mara Rocha (MDB-AC), que gastou pouco mais de R$ 200 mil até o momento. A maior fatia das despesas dizem respeito à investimento da deputada na divulgação da atividade parlamentar. Foram R$ 157.521,50 em publicidade sobre o mandato.
A terceira colocada da lista também investiu pesado na divulgação do mandato. Com gasto de R$ 200.053,89, a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) pagou R$ 96,9 mil para divulgar seu trabalho.
Entre os deputados “mais baratos”, está a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF), que não utilizou o recurso em 2022. Na sequência, está o deputado Márcio Alvino (PL-SP) com uma única despesa: R$ 35,13 em telefonia. Ele é seguido por Márcio Macêdo (PT-SE), que usou R$ 1,3 mil para manutenção de escritório, e Vinicius Farah, com R$ 2.435,96 gastos em passagens aéreas.
Outro lado
O deputado Márcio Alvino (PL-SP) afirmou à reportagem que a baixa despesa com cota parlamentar decorre de “método de gestão alinhado às expectativas da sociedade”. “Garantimos a padronização das atividades, com mais transparência, consequentemente um melhor controle de gastos”, enfatiza, ressaltando que abriu mão da aposentadoria, apartamento funcional, auxílio moradia, mudança e seguro de saúde.
“Deputado tem que gastar menos e dar mais resultado. Os resultados são visíveis, além da transparência, o gabinete atingiu um índice de 99% de satisfação nos atendimentos; passou a solucionar as demandas em metade do tempo e economizar quase 90% da cota parlamentar nesta legislatura, sendo mais de R$ 1 milhão. O ideal seria que este valor fosse revertido para ações voltadas à áreas prioritárias, como saúde, educação e assistência social”, completou.
O Metrópoles procurou todos os demais deputados citados para comentarem as despesas, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço permanece aberto para manifestações.
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