Funaro diz à PF que entregava malas de dinheiro para Geddel
Lúcio contou ter sentido medo da aproximação do ex-ministro com sua esposa, já que negocia um acordo de delação premiada e teme retaliação
atualizado
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Em depoimento à Polícia Federal, o operador financeiro Lúcio Funaro afirmou que entregava malas com dinheiro, em espécie, para o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB). Na oitiva, na última sexta-feira (7/7), Funaro contou ter feito várias viagens a Salvador (BA) para fazer os repasses. O depoimento veio à tona nesta quinta (13/7) e integra um novo pedido de prisão contra Geddel, que está em prisão domiciliar, em Brasília.
“O declarante (Funaro) [diz que] fez várias viagens em seu avião ou em voos fretados para entregar malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima, que essas entregas era feitas na sala vip do hangar Aerostar, localizado no aeroporto de Salvador, Bahia, diretamente nas mãos de Geddel”, aponta o relatório.
Segundo o operador, após sua prisão, em julho de 2016, Geddel fazia questão de manter contato com a esposa de Lúcio Funaro, ligando insistentemente. Procuradores apontam que foram feitas 17 ligações, entre 13 de maio e 1º de junho. O fato gerou nele, disse, um receio de que o ex-ministro estivesse “monitorando” sua vida e tramando uma retaliação, já que Funaro negocia com o Ministério Público Federal (MPF) um acordo de delação premiada.
“Essas comunicações reiteradas de Geddel geravam no declarante o sentimento de que estava sendo monitorado e, em dado momento, passou a ter receio sobre a segurança de sua esposa e filha, já que faziam deslocamentos em estrada pouco movimentada para o presidio da Papuda(em Brasília, onde o operador está preso)”, diz o relatório.
O documento confirma que Funaro se comprometeu a entregar documentos que comprovam as viagens. Uma delação do operador financeiro pode revelar grandes esquemas de corrupção ligados à cúpula do PMDB.
Geddel Vieira Lima é ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer. Ele está em prisão domiciliar acusado de obstrução da justiça, na investigação sobre repasses indevidos da Caixa Econômica Federal. Nesta mesma ação, Lúcio Funaro é identificado como assessor do ex-deputado Eduardo Cunha, também preso no âmbito da Lava Jato.