Funaro assina delação e detalhará atuação com grupo político de Temer
O corretor é apontado como operador financeiro do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba (PR)
atualizado
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O corretor Lúcio Bolonha Funaro assinou um acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) no qual vai detalhar sua atuação como operador financeiro do PMDB da Câmara dos Deputados. O grupo político é liderado pelo presidente Michel Temer (PMDB-SP) e tem como principais integrantes os atuais e ex-ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves.
Além deles, outro importante representante dos peemedebista da Câmara é o deputado cassado Eduardo Cunha (RJ), preso em Curitiba (PR) por ordem do juiz federal Sérgio Moro. O acordo foi assinado na tarde desta terça-feira (22/8), na sede da PGR.
Os temas dos anexos entregues por Funaro foram aceitos por Janot e a partir desta semana ele inicia uma rodada de depoimentos aos procuradores da Lava Jato. Para facilitar a logística, o corretor novamente deixou o Complexo Penitenciário da Papuda e está Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Funaro chegou à PF na segunda-feira (21). Passou a tarde conversando com a equipe do advogado Antônio Figueiredo Basto, responsável pela negociação. Por volta das 18h, o corretor recebeu a visita do delegado Marlon Cajado, responsável pela investigação da operação Patmos, desdobramento da delação da JBS.
Após uma conversa, os dois saíram em uma viatura da PF com destino à PGR, onde foi realizada uma última conversa na qual o conteúdo do acordo foi fechado.
Entretanto, Funaro e PGR modificaram algumas cláusulas da minuta do acordo o que arrastou a assinatura para esta terça-feira. Na tarde de hoje, Funaro chegou a se encaminhar a para a Justiça Federal de Brasília onde teria uma audiência da ação penal da Operação Sépsis, na qual o corretor foi preso em 1º de julho de 2016.
No local, Funaro e seu advogado, Bruno Espiñeira, informaram ao juiz Vallisney de Souza Oliveira o compromisso agendado para assinatura do acordo na PGR. Por volta das 13h25, o corretor deixou o prédio da Justiça e seguiu para PGR em uma viatura da Polícia Federal onde assinou a colaboração premiada.
Temas
Funaro promete explicar os investigadores como o PMDB da Câmara atuava em órgãos públicos sob o controle de seus integrantes. O corretor foi alvo de duas operações, a Sépsis e a Cui Bono?. A primeira apura sua atuação no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o Fi-FGTS, e a segunda mira sua influência na vice-presidência de pessoas jurídica das Caixa durante a gestão de Geddel Vieira Lima.
Estão na mira dessas duas investigações grandes grupos econômicos como a holding J&F dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e as empresas da família Constantino, dono da Gol Linas Aéreas.
Somente do Grupo J&F, segundo planilha entregue por Joesley Batista em sua delação, Funaro recebeu cerca de R$ 170 milhões nos últimos 12 anos. À Lava Jato o corretor irá explicar quais políticos participaram dos esquemas que resultaram nesses pagamentos e qual a participação de Temer.
Outro tema a ser abordado será a veracidade das afirmações de Joesley à Temer em conversa gravada pelo empresário no Palácio do Jaburu. Batista disse que continuou efetuado pagamentos ao corretor mesmo após sua prisão para evitar que ele partisse para uma delação — um deles para sua irmã Roberta foi interceptado em ação controlada da PF.
“O Lúcio Funaro é o operador financeiro do Eduardo do esquema PMDB da Câmara. O esquema PMDB da Câmara é composto pelo presidente Michel (Temer), Eduardo, enfim, e alguns outros membros”, afirmou Joesley em seu acordo.
Batista contou aos procuradores que conheceu Funaro, em 2011, atendendo a um pedido do empresário Paulo Sergio Formigoni de Oliveira. O operador financeiro, disse Joesley, teria informado que atuava em conjunto com o ex-deputado Eduardo Cunha com o “respaldo político” do então vice-presidente, Michel Temer.
“Ele (Funaro) sempre dizia ‘eu falo em nome do Eduardo e Eduardo é da turma do Michel’”, afirmou Joesley.
Agricultura
Joesley também narrou em sua delação pagamentos por negócios relacionados ao Ministério de Agricultura. O primeiro pagamento na Agricultura ocorreu quando houve a liberação para a exportação de despojos animais. De acordo com Joesley, a JBS nem havia pleiteado a medida, mas foi cobrada em R$ 2 milhões por Funaro.
“E teve um que eu pedi que era sobre vermífugos. Isso era muito importante para o Brasil, tanto que depois até mudou a norma nos Estados Unidos. Esse eu paguei R$ 5 milhões. Eu tinha um helicóptero lá e entrou como meio de pagamento”, acrescentou.