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Funaro afirma em delação que Temer sabia de propina da Odebrecht

Além disso, o suposto operador financeiro do PMDB relatou três encontros com o presidente da República

atualizado

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
Lúcio Bolonha Funaro
1 de 1 Lúcio Bolonha Funaro - Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

O corretor Lúcio Bolonha Funaro afirmou em delação premiada que o presidente Michel Temer (PMDB-SP) sabia do pagamento de propina pela Odebrecht por contrato da Diretoria Internacional da Petrobras. As declarações do colaborador, preso por ser apontado como operador financeiro do PMDB, foram usadas pela Polícia Federal no relatório conclusivo sobre a formação de uma organização criminosa pelo partido da Câmara, o chamado “quadrilhão” da sigla.

Os repasses ao PMDB, segundo o herdeiro da empreiteira Marcelo Odebrecht, foram solicitados a Márcio Faria, diretor de Oléo e Gás do grupo Odebrecht, pelos então deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Por parte do PT, os repasses teriam sido tratados com o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto.

Faria, também delator da Odebrecht, disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) que Temer comandou em 2010 uma reunião na qual se acertou pagamento de US$ 40 milhões em propina ao PMDB, referente a 5% do contrato com a Petrobras. O encontro, segundo o delator, aconteceu no escritório político do então candidato vice-presidente da República, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.

Em delação, Funaro confirmou acusações da Odebrecht de que Temer estava ciente do pagamento de propina. O corretor disse que quem lhe passou a informação foi Cunha.

A delação de Funaro já foi homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas permanece em sigilo. O relatório da Polícia Federal e as revelações do operador financeiro devem embasar a segunda denúncia contra o presidente da República que vem sendo preparada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Encontros
Na delação, Funaro também afirmou que esteve com Temer em três ocasiões. Ele citou um encontro na base aérea de São Paulo, outro durante comício em Uberaba (MG) nas eleições municipais de 2012 e um terceiro numa reunião de apoio à candidatura de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo, também em 2012. À época, Temer era vice-presidente da República.

Até hoje, Temer havia admitido somente um encontro com o corretor, na base aérea. Segundo Funaro, em dois dos encontros estava acompanhado do deputado cassado Eduardo Cunha, preso em Curitiba.

MP dos Portos
A relação entre Temer e Cunha foi outro tema abordado na delação. Conforme o corretor, ambos atuaram durante a tramitação da Medida Provisória dos Portos para defender interesses de grupos privados aliados. O delator afirmou que Temer articulou a indicação do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi para a presidência do Porto de Santos (SP).

De acordo com a colaboração de Funaro, Temer também tinha conhecimento do pagamento de propina pela Odebrecht por contrato da Diretoria Internacional da Petrobras. O corretor disse que quem lhe passou a informação foi Cunha.

Defesa
Em nota, o presidente Michel Temer afirmou por meio de assessoria que “não tem relação pessoal com Lúcio Funaro” e que, “se esteve com ele, foi de maneira ocasional e, se o cumprimentou, foi como cumprimenta milhares de pessoas”.  A Odebrecht diz colaborar com as investigações. Os outros citados por Funaro não foram localizados pela reportagem.

Já o advogado Délio Lins e Silva Júnior, defensor do deputado cassado Eduardo Cunha, que está preso, afirmou que “a defesa nega de forma veemente todas as acusações e prestará os devidos esclarecimentos oportunamente.”

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