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Funaro admite: ameaçou matar ex-vice da Caixa e a família dele

Operador financeiro afirmou que pediria para Nenê Constantino incendiar a residência de Fábio Cleto com os filhos dentro

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Lúcio Funaro
1 de 1 Lúcio Funaro - Foto: Fotos: Michael Melo/Metrópoles

Durante depoimento na 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, o operador financeiro Lúcio Funaro admitiu que ameaçou o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto e sua família. “Falei que ia pedir para o Nenê Constantino pôr fogo na casa dele, com os filhos dentro”, assumiu. “Sou uma pessoa de pavio curto”, disse, antes de fazer a revelação.

Fundador da Gol Linhas Aéreas, Nenê Constantino, 86 anos, é um homem temido. Suspeito de mandar matar 11 pessoas, foi condenado pelo assassinato do líder comunitário Márcio Leonardo de Sousa Brito, ocorrido em 2001. Por esse crime, cumpre pena de 16 anos e seis meses de prisão (13 anos e 6 meses pelo homicídio e 3 anos por corrupção de testemunha). A sentença decretada em maio de 2017. Em 2008, ele foi absolvido da acusação de tentativa de homicídio contra o próprio genro.

Funaro relatou ao juiz Vallisney de Souza Oliveira como ele e Fábio Cleto organizavam o esquema de desvio de dinheiro do Fundo de Investimentos do FGTS do banco – revelado pela Operação Sépsis, da Polícia Federal, um desdobramento da Lava Jato. Também respondeu perguntas do advogado do ex-deputado Eduardo Cunha, que tenta desmentir Funaro.

“Fábio Cleto é um sujeito sestroso”, iniciou operador financeiro, descrevendo a personalidade sagaz e esperta de Cleto, que chegou à Caixa por indicação de Eduardo Cunha. Ele disse ainda que o ex-vice da CEF colaborava com os esquemas corrupção.

Funaro confirmou que o rompimento com Cleto se deu por conta das ameaças que fez ao antigo aliado.

O episódio havia sido narrado à Justiça por Adriana Balalai, ex-companheira de Fábio Cleto. A mulher contou que, durante conversa com o marido, leu uma mensagem no celular enviada por Funaro. Em resposta ao operador financeiro, Adriana disse que ia até a polícia, pois tinha certeza de estar falando com um “psicopata”.

Ladrão
No depoimento, Funaro também chamou Joesley Batista de ladrão: “Ele roubou de mim, do [Eduardo] Cunha e do Geddel [Vieira Lima]. Só de Alpargatas, R$ 81 milhões”.

Segundo o delator, o dono da JBS teria uma dívida com ele de R$ 41 milhões referente à compra formal da empresa de calçados, em 2015. “Eu tenho a receber dele [Joesley] R$ 41 milhões, mais ou menos, de dinheiro lícito. Se for calcular ilícito junto, seriam quase R$ 120 milhões, somando o que ele roubou da Alpargatas.” Recentemente, a companhia foi vendida.

Funaro detalhou o pagamento de propina ao PMDB. “Eduardo Cunha ficou com R$ 1 milhão. Dois milhões foram destinados ao presidente Michel Temer, e um valor, acho que R$ 1 milhão, ao deputado Cândido Vaccarezza”, disse.

Os valores teriam sido uma contrapartida para o grupo Bertin receber investimentos do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), da Caixa Econômica Federal. Ele afirmou ainda que os repasses estão todos detalhados nas planilhas entregues aos procuradores da República no acordo de delação. “A doação destinada a Temer foi feita de forma oficial ao PMDB nacional.”

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