Fórum de Governadores faz carta em defesa de Maia e Alcolumbre
Vinte dos 27 governadores assinaram desagravo aos presidentes da Câmara e do Senado contra falas de Jair Bolsonaro. Ibaneis não assinou
atualizado
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Vinte dos 27 governadores de unidades federativas do Brasil assinaram “Carta Aberta à Sociedade Brasileira Em Defesa da Democracia”, divulgada no fim da tarde deste domingo (19/04). No documento, que não foi assinado pelos governadores de seis estados e do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o grupo manifesta apoio aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), “diante das declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a postura dos dois líderes do parlamento brasileiro, afrontando princípios democráticos que fundamentam nossa nação”.
O texto faz referência às declarações do presidente da República contra Maia, na última quinta-feira (16/04), quando chegou a dizer que via possível plano do deputado para derrubá-lo, que provocou reação imediata, em massa, de aliados bolsonaristas nas redes sociais, visando não apenas o político do Rio, mas seu colega de partido, Alcolumbre.
“Nesse momento em que o mundo vive uma das suas maiores crises, temos testemunhado o empenho com que os presidentes do Senado e da Câmara têm se
conduzido, dedicando especial atenção às necessidades dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios brasileiros. Ambos demonstram estar cientes de que é nessas instâncias que se dá a mais dura luta contra nosso inimigo comum, o coronavírus, e onde, portanto, precisam ser concentrados os maiores esforços de socorro federativo.
Nossa ação nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios tem sido pautada pelos indicativos da ciência, por orientações de profissionais da saúde e pela experiência de
países que já enfrentaram etapas mais duras da pandemia, buscando, neste caso, evitar escolhas malsucedidas e seguir as exitosas”, prossegue a carta.
“Consideramos fundamental superar nossas eventuais diferenças através do esforço do diálogo democrático e desprovido de vaidades. A saúde e a vida do povo brasileiro devem estar muito acima de interesses políticos, em especial nesse momento de crise.”
Assinada no sábado
A carta foi assinada no sábado, antes do discurso feito pelo presidente Jair Bolsonaro em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, neste domingo (19/04), e perante centenas de apoiadores que bradavam contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) e exigiam intervenção militar no país. O grupo de bolsonaristas fez uma carreata exigindo o fim da política de isolamento social e a reabertura do comércio.
Ao menos cinco governadores reagiram duramente. O chefe do Executivo estadual de São Paulo, o estado mais rico do país – e o mais atingido pela pandemia de coronavírus até agora –, João Doria (PSDB) afirmou, em post no Twitter. que é “lamentável” que o presidente apoie um “ato antidemocrático” e concluiu: “O Brasil precisa vencer a pandemia e deve preservar sua democracia”.
Lamentável que o presidente da república apoie um ato antidemocrático, que afronta a democracia e exalta o AI-5. Repudio também os ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal. O Brasil precisa vencer a pandemia e deve preservar sua democracia??
— João Doria (@jdoriajr) April 19, 2020
“Não queremos negociar nada”
Bolsonaro havia dito a apoiadores, em discurso na caçamba de uma caminhonete, sem máscara, entremeado por ataques de tosse insistente, que “todos (em referência aos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário) precisam compreender que são submissos ao povo brasileiro”. “Todos no Brasil têm de entender que estão submissos à vontade do povo”, enfatizou o mandatário do país. “Contem com seu presidente para que a gente possa manter nossa democracia e nossa liberdade. Todos falaram que dariam a vida pelo Brasil, agora é a hora”, completou.
A fala de Bolsonaro foi feita logo após gritos de manifestantes que pediam o impeachment do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ). O presidente prosseguiu: “Nós não queremos negociar nada, nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás, nós temos um novo Brasil pela frente. Todos sem exceção no Brasil, tem que ser patriota e acreditar e fazer a sua parte”.