Fora da eleição, ministros de Temer tentam eleger herdeiros
Enquanto alguns apoiam as coligações de seus partidos, outros investem em candidatos amigos
atualizado
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Ministros do governo Michel Temer que abriram mão de disputar a reeleição entraram em campanha para eleger herdeiros políticos em seus estados. Pelo menos três deles, que têm mandato atualmente e estão licenciados do Congresso, aparecem em peças de propaganda dos candidatos lançados na mesma base eleitoral.
É o caso de Blairo Maggi (Agricultura), Alexandre Baldy (Cidades) e Ronaldo Fonseca (Secretaria-Geral da Presidência). Com índices recordes de impopularidade, o presidente, no entanto, não é citado.
A estratégia de Baldy, que é do PP, para transferir votos ao seu candidato é a mais ostensiva. Deputado federal licenciado, o ministro decidiu lançar como seu substituto na Câmara dos Deputados o seu ex-chefe de gabinete Adriano Antônio Avelar, que adotou o sobrenome do ministro e aparecerá na urna como “Adriano do Baldy”. Avelar também foi chefe de gabinete do ex-deputado Sandro Mabel, que foi um dos assessores pessoais de Temer. O PP repassou mais de R$ 1,8 milhão para financiar a campanha de Adriano.
O candidato usa o apoio do ministro intensamente em suas redes sociais, onde destaca que, com Baldy, poderá destinar mais recursos para sua cidade. Ele, no entanto, não menciona o fato de que o ministro provavelmente não estará mais no cargo no próximo governo.
Senador licenciado pelo PP de Mato Grosso, Blairo Maggi decidiu fazer campanha para um amigo e antigo aliado eleitoral, o deputado Adilton Sachetti, do PRB, que agora tentará ficar com a cadeira do ministro no Senado. O titular da Secretaria-Geral da Presidência da República, Ronaldo Fonseca, é deputado licenciado pelo Distrito Federal. Ligado à Assembleia de Deus, ele deixou o Podemos ao ganhar a vaga no Planalto em maio. O ministro, porém, apoia um candidato do partido em Brasília, seu suplente na Câmara, Marcos Pacco, e fez aparições no horário eleitoral.
Fora de campanha
A reportagem conversou com outros ministros que possuem mandato ou estão no governo desde que Temer assumiu, após o impeachment de Dilma Rousseff, e que não têm participado de atos de campanha voltados especificamente para um candidato.
“Estou fazendo campanha para (Geraldo) Alckmin, (João) Doria, Mara (Gabrilli) e (Ricardo) Trípoli (candidatos tucanos ao Senado em São Paulo). (Para deputado) Federal e estadual, procuro ajudar todos do PSD, vou votar na legenda”, disse Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e presidente do PSD.
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, de Mato Grosso do Sul, afirmou que, para deputado estadual e federal, votará na legenda, o MDB, porque “tem grandes amigos concorrendo”. O nome de Raul Jungmann (Segurança Pública) é ligado ao candidato do PRTB Evandro Alencar, em Pernambuco. Ele, porém, não tem atuado na linha de frente da campanha. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou não estar participando diretamente da campanha emedebista no Rio Grande do Sul. “Apoio as eleições dos candidatos do MDB“.