Folha corrida de Queiroz registra “agressões e mortes”, diz revista
Ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi investigado por fatos ocorridos durante operações policiais na Cidade de Deus e por bater na esposa
atualizado
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Quanto mais o tempo passa, mais o ex-Policial Militar Fabrício Queiroz deve explicações aos brasileiros. A revista Veja deste fim de semana revela novos fatos graves sobre o passado do ex-assessor da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Inquéritos nunca concluídos investigaram o envolvimento de Queiroz em mortes no tempo em que ainda vestia a farda da PM fluminense e agressões domésticas. Amigo da família do presidente Jair Bolsonaro (PSL), ele está desaparecido desde o final de 2018.
Queiroz sumiu sem dar explicações para a movimentação financeira atípica de suas contas bancárias descobertas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Em janeiro, passou por cirurgia no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Desde então, permanece sem esclarecer as suspeitas de irregularidades cometidas no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
Produzida em três semanas de trabalho, assinada pelos jornalistas Fernando Molica, Leandro Resende e Jana Sampaio, a reportagem da Veja resgata detalhes de seis inquéritos sobre episódios com a participação de Queiroz. No total, a revista identificou mais de vinte boletins de ocorrência protagonizados pelo ex-assessor da Alerj.
A seguir, as principais descobertas da Veja sobre Queiroz:
1 – Em 2003, com o então policial militar Adriano da Nóbrega, durante uma ronda na favela Cidade de Deus, matou Anderson Rosa de Souza, tratado como “meliante” e “gerente do tráfico” na ocorrência feita pelos dois em uma delegacia. Registraram o ato como “auto de resistência”, nomenclatura usada para justificar mortes por policiais em confrontos armados. Serve, também, para acobertar execuções criminosas. Adriano da Nóbrega é o mais procurado chefe de milícia do Rio de Janeiro. Mais de uma vez, foi homenageado pela família Bolsonaro. Uma comenda foi entregue a Nóbrega na cadeia, onde estava preso sob acusação de homicídio. A mãe e a mulher do miliciano eram funcionárias do gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj. Dezesseis anos depois de instaurado, o inquérito aberto sobre essa ocorrência permanece sem conclusão.
2 – Também na Cidade de Deus, em 2002, Queiroz participou da morte de outro suposto traficante, Gênesis Luiz da Silva, de 19 anos, durante um tiroteio. Pessoas entrevistadas pela revista relaciona o episódio ao não pagamento de propina à polícia para a realização de um baile funk. Queiroz e outro policial registraram o caso também como auto de resistência. O inquérito permanece aberto.
3 – Depois de prender em flagrante um suposto traficante, em 1988, Queiroz foi acusado de tentar extorquir o suspeito. O então policial foi investigado pela Auditoria da Polícia Militar. O processo foi encerrado sem punição.
4 – Mulher de Queiroz, Márcia Aguiar registrou queixa contra ele em 2008 por agressão. Na ocorrência, disse ter recebido do marido socos na cabeça, costela e braços. Ele confirmou as agressões, mas a esposa desistiu da medida restritiva solicitadas na Delegacia da Mulher em Jacarepaguá. O caso foi arquivado em 2010.