“Foi lá dentro do Congresso”, diz Mourão sobre orçamento secreto
Orçamento paralelo seria de R$ 3 bilhões em emendas, boa parte delas destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas
atualizado
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O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse, nesta segunda-feira (10/5), desconhecer a existência de um suposto orçamento secreto criado pelo Palácio do Planalto, no fim de 2020, para aumentar a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara dos Deputados e no Senado.
Para Mourão, entretanto, a responsabilidade pelo Orçamento é do Congresso. “Quem é que distribui isso aí? Foi lá dentro do Congresso que foi repartido. O que eu posso fazer? Posso fazer nada! A repartição é pra lá. O que pode é se negociar e buscar recuperar isso aí. Pelo que eu li, é algo que já foi decidido, não tem volta isso aí”, afirmou o general.
“Eu não tenho conhecimento. Eu sou do governo, mas tu sabe bem que esses assuntos não passam por mim”, complementou.
De acordo com reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, o orçamento secreto seria de R$ 3 bilhões em emendas, “boa parte delas destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência fixados pelo governo”.
O texto aponta ainda que é possível observar o descontrole de dinheiro público em um conjunto de 101 ofícios, enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados, para indicar como eles preferiam usar os recursos.
O chefe do Executivo federal chegou a vetar a tentativa do Congresso de impor o destino de um novo tipo de emenda (conhecida como RP9), criada durante o seu governo, por “contrariar o interesse público” e ainda estimular o “personalismo”.
Com medo da abertura de um processo de impeachment contra ele, porém, o titular do Palácio do Planalto teria ignorado o próprio veto, para garantir apoio dos partidos do Centrão.
Mourão também falou sobre o orçamento destinado ao Meio Ambiente. “Eu vi o presidente declarando que vai pedir crédito extraordinário, exatamente para recompor o orçamento do Ministério do Meio Ambiente, que precisa mais de R$ 200 milhões, que comparado com esses R$ 3 bilhões é pouco.”