#FlavioBolsonaronaCadeia: como as redes sociais reagiram ao caso Coaf
Hashtag pedindo a prisão do filho do presidente esteve entre as mais usadas no Twitter. No entanto, militância pró-Bolsonaro dominou tuítes
atualizado
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Desde o dia 6 de dezembro de 2018, quando um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor e motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), as redes sociais foram inundadas por publicações de cunho político.
Se, por um lado, a investigação municiou a oposição ao novo governo, por outro, também fez os apoiadores do filho mais velho do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), assumirem uma postura de ataque na internet. A polarização observada desde as eleições, dessa forma, persistiu.
Apesar de um dos assuntos mais comentados nas redes sociais desta semana ter sido a hashtag #FlavioBolsonaronaCadeia, o senador eleito conseguiu, ao menos na internet, manter os seus apoios em nível superior aos ataques que sofreu. É o que mostra um levantamento feito por Marcelo Alves, doutor em comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), a pedido do Metrópoles.
Os números foram levantados durante os dias 21 e 22 de janeiro – logo após o Jornal Nacional, da Rede Globo, mostrar que um segundo relatório do Coaf identificou 48 depósitos de R$ 2 mil entre junho e julho de 2017 e um pagamento de pouco mais de R$ 1 milhão de um título bancário da Caixa Econômica Federal na conta de Flávio Bolsonaro. Ainda assim, no período, as postagens favoráveis ao senador eleito foram numericamente superiores às contrárias.
“Apesar da ideia de que as redes ‘bolsonaristas’ estejam perdendo força, nessas datas, ainda foram numericamente superiores às mobilizações contrárias. A hashtag #FlavioPresidente foi postada 65.269 vezes, contra 45.079 tuítes contendo #FlavioBolsonaronaCadeia. A mesma lógica continua se analisarmos o uso de #FlavioPresidente ou #Bolsonaro2022: são 183.743, contra 95.387 de #FlavioBolsonaronaCadeia ou #BolsoGate”, explicou o especialista.
Há, claro, uma redução do volume de atividade em relação à eleição, o que é normal, considerando que pleitos políticos são momentos máximos de engajamento. Mas os dados indicam que os ‘bolsonaristas’ continuam fazendo muito barulho nas redes em torno das ações do presidente e de seus filhos
Marcelo Alves, doutor em comunicação pela UFF
Alerta
O pesquisador alertou, no entanto, que a análise está sujeita ao ataque dos chamados bots, robôs ou outras técnicas de reprodução artificial de conteúdo em redes sociais.
“A análise realizada não separa a atividade produzida artificialmente por meio de robôs ou outras técnicas”, adverte Alves. Ele informa haver suspeitas de que, na terça-feira (22/1), isso tenha ocorrido: quando #FlavioBolsonaronaCadeia foi a hashtag mais usada no Brasil, #FlavioPresidente entrou nos Trending Topics de Cingapura, Bielorrússia, Malásia e Ucrânia.