Flávio Bolsonaro e advogadas estiveram 3 vezes com Receita para pedir dados
Segundo revista, encontros ocorreram em agosto e setembro. Um deles não consta na agenda oficial e ocorreu fora do prédio do órgão
atualizado
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As advogadas do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) reuniram-se três vezes com integrantes da Receita Federal. Um dos encontros, com o secretário da Receita, José Tostes Neto, contou com a presença do senador. Foi fora da agenda e do prédio do órgão.
Segundo o gabinete da Receita, as reuniões ocorreram em 26 de agosto, 4 de setembro e 17 de setembro deste ano. As informações foram obtidas pela revista Época.
A primeira reunião ocorreu em 26 de agosto, com as advogadas do senador: Luciana Pires e Juliana Bierrenbach. Já em 4 de setembro, apenas Juliana Bierrenbach esteve no local. Por fim, em 17 de setembro, Flávio e Luciana Pires compareceram.
As informações foram obtidas pela revista por meio da Lei de Acesso à Informação, após pedido apresentado pelo deputado Ivan Valente, do PSol de São Paulo.
Esses encontros aconteceram depois que a defesa de Flávio fez movimentos a fim de levar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) uma tese com o objetivo de anular a investigação do caso Queiroz.
A reunião entre as advogadas de Flávio, o presidente Bolsonaro, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, se deu no gabinete presidencial, no dia 25 de agosto.
Foi quando a defesa do filho do presidente apresentou documentos que, na visão das advogadas, provariam a existência de uma organização criminosa instalada na Receita Federal.
Já em 29 de setembro, Flávio encontrou-se com o diretor-presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados do governo (Serpro), Gileno Gurjão Barreto, em Brasília, para pedir que a empresa federal de dados que corroborassem a tese da defesa do zero um e que a Receita havia se negado a fornecer.
Questionada sobre as entradas e saídas registradas de Flávio em sua sede, a Receita afirmou que cabe ao Ministério da Economia fornecer as informações.
Rachadinhas
Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pela prática de rachadinha na época em que era deputado estadual na capital fluminense. O crime consiste no confisco de parte dos salários dos funcionários, o que caracteriza desvio de dinheiro público. O caso foi revelado em dezembro de 2018, depois da eleição de Bolsonaro para a Presidência e pouco antes de sua posse.
Em novembro, o MPRJ apresentou denúncia contra Flávio por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O senador foi apontado como líder da organização criminosa, que teria desviado R$ 6,1 milhões entre 2007 e 2018, segundo os investigadores.
O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio e amigo da família Bolsonaro há mais de 30 anos, seria o operador do esquema de corrupção.
O MPRJ aponta que parte do dinheiro desviado foi usado para pagar despesas pessoais do filho do presidente.
A investigação identificou ao menos uma oportunidade em que o PM aposentado pagou, com dinheiro vivo, boletos da escola das filhas do senador. A Promotoria afirma ser dinheiro da “rachadinha”.