Filiação do senador Flávio Bolsonaro ao Patriotas está ameaçada
Parlamentares da sigla contestam convenção que alterou estatuto do partido e filiou filho do presidente à sigla
atualizado
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A recém-filiação do senador Flávio Bolsonaro (RJ) ao Patriotas está ameaçada. Isso porque o Cartório do 1º Ofício de Notas do Distrito Federal emitiu uma nota devolutiva cobrando esclarecimentos do presidente da sigla, Adilson Barroso Oliveira, sobre a convenção de 31 de maio, que resultou na adesão do parlamentar filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à legenda.
A informação foi antecipada pelo Congresso em Foco e confirmada ao Metrópoles por integrantes do Patriotas. O documento obtido pela reportagem (veja mais abaixo) pede que Barroso comprove quórum que dê legalidade à mudança do estatuto e à filiação de Flávio.
Na nota, parlamentares pedem que o presidente do partido discrimine os nomes dos membros que compareceram à convenção de forma remota e que, com direito a voto, aprovaram a reforma estatutária.
O documento estabelece prazo de 30 dias para fornecimento dos esclarecimentos e, caso o presidente não consiga comprovar a legalidade da medida, será tornada sem efeito a filiação do senador. Deve ser realizado uma nova convenção.
Confira a íntegra do documento:
Nota de Exigência by Metropoles on Scribd
“Golpe”
A filiação do filho do presidente à sigla provocou um racha dentro do partido. Horas após o anúncio, o vice-presidente do Patriota, Ovasco Roma, acusou o presidente da sigla, Adilson Barroso, de ter executado um “golpe” para filiar Flávio Bolsonaro ao partido, conforme antecipado pelo Metrópoles.
Em 31 de maio, durante reunião tumultuada, Barroso filiou Flávio Bolsonaro e aprovou a eventual chegada de Jair Bolsonaro. Correligionários recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmando que Barroso cometeu uma série de irregularidades na convenção. O vice do Patriota lidera a ofensiva jurídica para tentar anular a filiação do filho do presidente da República.
“Adilson passou por cima do estatuto e de todos, foi um horror, fez coisas absurdas. Foi um golpe para abrigar a família Bolsonaro, com atos que me parecem criminosos. A imagem do partido ficou péssima. É muito desgastante. Sem essas manobras, Adilson não teria voto de forma alguma”, afirmou Roma.
A ala contra a entrada dos Bolsonaros no Patriota alegou ao TSE que Adilson Barroso destituiu quatro integrantes da executiva e dissolveu cinco diretórios estaduais, sem consulta. Além disso, não divulgou internamente a convenção aos colegas de legenda, o que contraria o estatuto partidário.
Racha interno
Recentemente, o vereador e advogado do Movimento Brasil Livre (MBL) Rubinho Nunes foi expulso do Patriotas após tecer críticas à filiação de Flávio Bolsonaro.
A decisão foi tomada em convenção municipal da legenda na última segunda-feira (7/6). Denunciado por indisciplina partidária, Nunes afirmou que não vai recorrer da decisão.
No evento, o vereador reafirmou sua “completa e total discordância com as decisões tomadas na esfera federal do partido”. “É inadmissível que tenhamos que dividir espaço com Flávio Bolsonaro, um político investigado pela Justiça, acusado de rachadinha e enriquecimento ilícito”, completou.
Nunes se referiu ao esquema no qual Flávio é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como chefe de uma organização criminosa que atuou em seu gabinete no período em que foi deputado da Assembleia Legislativa do estado (Alerj). A estimativa é que cerca de R$ 2,3 milhões tenham sido movimentados em um esquema de “rachadinha”, no qual funcionários do então deputado devolviam parte do salário que recebiam na assembleia.
O vereador também garantiu que “enquanto o bolsonarismo entra na legenda pela porta do fundo, eu saio de cabeça erguida pela porta da frente”.