FHC sobre Bolsonaro: “Caso de impedimento por falta de bom senso”
No Twitter, o ex-presidente ainda criticou o “palavrório chulo” na reunião ministerial, cujos vídeos foram divulgados nessa sexta
atualizado
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) se manifestou sobre a divulgação do vídeo da reunião ministerial em que Bolsonaro supostamente interfere na Polícia Federal. O caso foi denunciado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro.
“Vejo juristas falando de impeachment. Pergunta de leigo: não adicionaríamos mais um complicador? O caso é de impedimento por falta de bom senso. Não sei se existe no arsenal jurídico. Houve com Delfim Moreira, caso clínico. Aplica-se ainda que difícil de comprovar? Duvido”, escreveu FHC.
O ex-presidente ainda criticou os palavrões ditos durante a reunião. “Que palavrório chulo na reunião ministerial! E que reações desencontradas. Que nível do debate: cabem as expressões sobre o STF? Cabe não saber que ‘diante de vara’ é modo tradicional da fala jurídica? Pobre dos cidadãos brasileiros. A escolha foi da maioria. Se repetirá? Duvido”, ponderou.
A reunião ministerial teve mais palavrões do que citações ao coronavírus. Uma contagem dos palavrões e termos de baixo calão usados pelo presidente Bolsonaro e o conselho de ministros mostra que foram 37 vocábulos do tipo.
Entenda o caso
Moro deixou o Ministério da Justiça no dia 24 de abril acusando o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. Segundo ele, Bolsonaro não só queria indicar alguém de “sua confiança” tanto para a diretoria-geral da PF quanto para superintendências estaduais, como também queria “relatórios de inteligência” da corporação.
Entre os elementos que, segundo o ex-juiz, provavam suas alegações, estava justamente o vídeo desta reunião presidencial. As imagens foram entregues pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao STF, no âmbito de um inquérito que apura as alegações de Moro, mas permaneciam, até então, em sigilo.
No último dia 12, o ex-ministro, seus advogados, representantes do governo federal, da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR) assistiram ao vídeo juntos, em sessão reservada. Mello atendeu a pedido de Moro, que defendia o levantamento integral do sigilo — a AGU, por outro lado, que apenas as falas do presidente na reunião fossem tornadas públicas.
Veja os vídeos da reunião ministerial liberados pelo STF: