Fernando Haddad vira alvo de oponentes, mas evita revidar ataques
Discursos contra petista são as principais estratégias do líder das pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), Ciro (PDT) e Alckmin (PSDB)
atualizado
Compartilhar notícia
Com crescimento acentuado nas pesquisas de intenção de votos, o candidato do PT ao Palácio do Planalto, Fernando Haddad, virou alvo dos que almejam o segundo lugar na corrida eleitoral, em particular Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Os ataques contra o petista serão a principal estratégia do primeiro colocado, Jair Bolsonaro, que tem no “antipetismo”, sua principal oportunidade de crescer e conseguir passar para o segundo turno com mais vantagem.
O apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez Haddad alcançar, até agora, 22% das intenções de voto, de acordo com pesquisa divulgada pelo Ibope na segunda-feira (24/9). Há duas semanas, quando seu nome passou a substituir o do ex-presidente na chapa, Haddad contava com apenas 8%. Neste período, ele ultrapassou Ciro e Alckmin e se aproximou de Bolsonaro, que continua liderando com 28% das intenções de voto.
A estratégia do petista é “não revidar” e continuar na busca pela transferência de votos de Lula. “Vamos manter o curso da nossa campanha, sempre propositiva, sem ataques, nem pessoais, nem partidários. Eu estou recebendo ataques fortes aí, mas nós não vamos revidar porque eu acho que o Brasil está precisando de outra coisa. O Brasil está precisando de mais diálogo”, disse Haddad ao participar de agenda de campanha em Campinas, interior de São Paulo nesta terça-feira (25/9).
O presidenciável ainda evitou comentar os resultados do Ibope. “Nós não trabalhamos com hipóteses. Vamos trabalhar até o dia 7 para ampliar a nossa margem”, declarou.
Navios
Haddad tem evitado se contrapor, especialmente com o pedetista Ciro Gomes, que tem investido costumeiramente contra ele em suas declarações. Isso porque, não pretende “queimar navios! com Ciro, possível apoiador caso o petista vá para o segundo turno. O terreno eleitoral dominado por Ciro seria a principal chance de Haddad em uma possível disputa com Bolsonaro.
Ciro, mais afeito à política que o petista, não tem adotado o mesmo comportamento. Sabe que as rusgas no primeiro turno em nome de tentar suplantar seu principal adversário, são totalmente superáveis no segundo turno, considerado uma nova eleição.
Mantra
Haddad também tem evitado ataques diretos a Geraldo Alckmin. Quando faz, direciona ao PSDB, repetindo sempre o “mea culpa” feito pelo ex-presidente do partido Tasso Jerissati em entrevista, na qual reconhece erros cometidos pela legenda.
Nestas circunstâncias, a “confissão” de Jereissati virou munição farta para o petista. Haddad vem repetindo, como mantra, em todas as entrevistas, debates e sabatinas a sequência de reconhecimentos do tucano em relação a atuação do PSDB nos últimos dois anos.
O argumento tem servido para quase tudo: falar sobre a crise da Venezuela, da proximidade do PT com governantes de esquerda de vários países, sobre a prisão do ex-presidente Lula, entre outros assuntos.
“Nós governamos doze anos dentro da normalidade democrática. Quem rompeu o pacto democrático no Brasil, isso eles próprios reconhecem, foi o próprio PSDB. O ex-presidente do partido reconheceu que rompeu o pacto com a democracia em 2014. Então, quem tem que se explicar em relação a isso não somos nós”, insistiu Haddad ao ser questionado sobre a crise na Venezuela e o apoio do PT ao presidente do país vizinho Nicolás Maduro.