Fenapef defende apuração de suposto elo entre Zambelli e delegados da ADPF
A deputada antecipou a possibilidade da corporação deflagar uma operação contra governadores. Hoje, Witzel foi alvo de busca e apreensão
atualizado
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A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) defendeu que o suposto elo entre a deputada federal Carla Zambelli (PSL-RJ) com delegados ligados à Associação dos Delegados da Polícia Federa (ADPF) seja apurado. A parlamentar antecipou a deflagração de uma operação contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, por irregularidades na Saúde do estado.
Segundo a entidade, é necessário averiguar se Zambelli teve “informações privilegiadas”. A Fenapef ainda apontou a ligação entre a deputada e os delegados antes mesmo do seu mandato. “É conhecido e notório o vínculo da parlamentar com a Associação de Delegados, desde quando era líder do movimento Nas Ruas”, diz trecho da nota.
Para os policiais federais, “a lisura das investigações e o sigilo das operações devem ser preservados em qualquer circunstância”.
Entenda
A parlamentar disse, em entrevista à Rádio Gaúcha, que as operações da PF estavam para sair, “mas não saíam”. E anunciou, em seguida, o suposto “Covidão”.
“Não sei qual vai ser o nome que eles [PF] vão dar… mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal”, disse Carla Zambelli.
Operação Placebo
A Polícia Federal apreendeu computadores e telefones do governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, durante busca no âmbito da Operação Placebo. A força-tarefa foi desencadeada nesta terça-feira (26/05), após autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Segundo a força-tarefa, há indícios de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública devido ao novo coronavírus.
Veja a nota na íntegra:
Nota – Sobre a Operação Placebo
A respeito da Operação Placebo e seus desdobramentos, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) informa que:
1. A Fenapef apoia todo e qualquer esforço para apurar e combater a corrupção. Mesmo em tempos de pandemia, os policiais federais seguem fazendo seu trabalho de investigação.
2. A lisura das investigações e o sigilo das operações devem ser preservados em qualquer circunstância.
3. Sobre as suspeitas de que a deputada Carla Zambelli (PSL- SP) foi informada antecipadamente da Operação, é conhecido e notório o vínculo da parlamentar com a Associação de Delegados, desde quando era líder do movimento Nas Ruas. Esse laço se demonstra pela participação de Zambelli em eventos, vídeos e homenagens. A Fenapef defende a apuração, com responsabilidade e profundidade, sobre a possibilidade de que esse vínculo possa ter sido utilizado para a obtenção de alguma informação privilegiada.
4. A Operação Placebo é realizada pela equipe do SINQ (Serviço de Inquéritos) da DICOR (Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado) da Polícia Federal. O SINQ atua em inquéritos de tribunais superiores que tenham como alvos pessoas com foro nesses tribunais.
5. As buscas nos Palácios das Laranjeiras e da Guanabara foram autorizadas pelo Superior Tribunal de Justiça e têm como objetivo encontrar elementos de um possível esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado do Rio de Janeiro, conforme informou a Polícia Federal.
Federação Nacional dos Policiais Federais
Brasília, 26 de maio de 2020