Fenaj repudia flexibilização de armas para jornalistas: “Inadequada”
Para a entidade, a responsabilidade pela segurança dos profissionais da comunicação não pode ser transferida: “É do Estado”
atualizado
Compartilhar notícia
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) se manifestou nesta quarta-feira (08/05/2019) contra o decreto assinado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), que flexibiliza o uso e o porte de armas de fogo para um conjunto de profissionais, entre eles jornalistas que cobrem a atuação da polícia. Para a entidade, a medida é “inadequada” e foi feita “sem o devido e necessário debate democrático”.
“O Poder Executivo não pode agir autocraticamente, usurpando competência do Poder Legislativo de aprovar e alterar leis”, diz trecho do manifesto. A entidade ainda pontua: “A responsabilidade pela segurança dos jornalistas e demais profissionais da comunicação não pode ser transferida. É do Estado, em corresponsabilidade com as empresas empregadoras”.
Segundo a Fenaj, ao modificar o Estatuto do Desarmamento para facilitar o transporte de armas para determinadas categorias profissionais, o governo não contribui para a diminuição da violência. “Ao contrário, a posse de armas de fogo pela população é determinante para mortes acidentais e contribui significativamente para o aumento da violência social”, afirma a entidade.
Jornalismo policial
Quanto aos jornalistas que fazem cobertura policial, a Fenaj entende que “a posse de armas não vai contribuir para a segurança dos profissionais, que devem cuidar da produção da notícia sem exposições ou enfrentamentos que coloquem em risco sua integridade física”. Na visão da entidade, o porte de arma pode, inclusive, transformar o jornalista em alvo.
“Cabe ao aparato de segurança do Estado garantir a segurança dos jornalistas e demais profissionais da comunicação no exercício profissional, ainda que em coberturas jornalísticas nas quais os profissionais são expostos a riscos”, argumenta a Fenaj.
Decreto
Um decreto publicado nesta quarta-feira (08/05/2019) no Diário Oficial da União (DOU), por Bolsonaro, amplia o porte de armas de fogo para um conjunto de profissionais. Entre os beneficiados estão advogados, caminhoneiros, conselheiros tutelares, políticos eleitos e jornalistas que cobrem a atuação da polícia e oficiais de Justiça.