Facada em Bolsonaro não trouxe nem tirou voto, diz presidente do Ibope
Para Carlos Montenegro, crime deu mais tempo ao presidenciável do PSL na TV e reduziu “um pouco o ódio” no pleito
atualizado
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A facada que tirou o candidato à Presidência do PSL, Jair Bolsonaro, do dia a dia da campanha eleitoral, há quase um mês, não trouxe nem tirou votos da sua candidatura, mas reduziu um pouco o ódio do pleito, avaliou o presidente do Ibope, Carlos Montenegro, nesta segunda-feira (01/10). Ele observou que o crime deu mais tempo a Bolsonaro na TV, mas nem isso se refletiu em aumento de intenção de votos para o candidato nas eleições 2018.
“Eu acho que a facada não mudou o quadro eleitoral. Acho que ninguém vai votar nele por causa da facada, a rejeição que tinha a ele continuou, até a manutenção do número (porcentual) dele por algum tempo mostra que não tirou votos nem cresceu, só reduziu o ódio”, afirmou Montenegro a jornalistas após almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
O presidente do Ibope destacou que as próximas pesquisas devem revelar alguns impactos importantes, como a repercussão das acusações da ex-mulher de Jair Bolsonaro e as declarações do vice Hamilton Mourão, de acabar como 13º salário e o bônus de férias. Para o PT, o grande abalo, na sua avaliação, foi a retirada de 4 milhões de eleitores do Nordeste pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Tirar 4 milhões de eleitores no Nordeste não é uma notícia boa para o PT. Isso no primeiro turno não tem influência, mas no segundo turno pode ter influência sim”, afirmou.
Dogmas
Para Montenegro, a eleição deste ano enterrou alguns dogmas, como ser importante o tempo da propaganda eleitoral gratuita e as inúmeras coligações para se conseguir mais tempo de TV. “O que vai eleger o presidente da República este ano será a descrença nos políticos, as redes sociais e os programas das televisões abertas e fechadas”, avaliou.
Nem mesmo os debates estão mais funcionando, segundo Montenegro, que vê uma percepção de maior sinceridade nas entrevistas que estão sendo realizadas pelas tevês do que nos programas produzidos pelos partidos.
“A propaganda obrigatória perdeu o valor, a cobertura das TVs, da imprensa, é muito mais importante para o eleitor, parece mais sincero do que os programa montado pelos políticos”, explicou.