Extremista da direita italiana se desculpa por protesto anti-Bolsonaro
Matteo Salvini esteve com Bolsonaro em cerimônia militar-religiosa em memória dos “pracinhas”, soldados brasileiros mortos na Segunda Guerra
atualizado
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Em cerimônia militar-religiosa em memória dos soldados brasileiros falecidos na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), realizada nesta terça-feira (2/11), na Itália, o senador da extrema-direita italiana Matteo Salvini pediu desculpas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “pela polêmica de poucos que dividem os povos”, em referência a protestos de que Bolsonaro foi alvo no país.
Em viagem oficial à Itália para participar da cúpula de líderes do G20, Bolsonaro estendeu sua estadia para visitar as regiões de seus antepassados.
Na segunda-feira (1º/11), durante passagem de Bolsonaro por Pádua, manifestantes brasileiros protestarem contra o presidente da República em uma praça. Os manifestantes foram dispersados pela polícia italiana por meio de jatos d’água, mesmo como a temperatura de Pádua girando em torno de 12° C.
Salvini é líder do partido de extrema-direita italiano Liga Norte e é conhecido por suas posições xenófobas. Ele já se referiu várias vezes a Jair Bolsonaro como “o meu amigo brasileiro”.
Em 2019, quando era ministro do Interior, Salvini sabotou as festividades do 25 de abril, data que comemora o fim do regime fascista.
Segundo registro do jornal O Globo, em entrevista a jornalistas, Salvini repudiou os protestos contra o presidente vistos na segunda-feira nas cidades de Pádua e Anguillara Veneta, onde o presidente recebeu a cidadania honorária.
“Trata-se de uma polêmica incrível, feita até na comemoração dos mortos que perderam a vida para defender nosso país e liberá-lo do nazi-fascismo. É um presidente que foi eleito, de uma república amiga, que veio recordar os soldados. Me desculpo em nome das instituições italianas. A polêmica deve estar fora dos cemitérios”, afirmou Salvini antes do evento.
Homenagem aos “pracinhas”
Salvini recepcionou a chegada de Bolsonaro ao monumento em Pistoia, na região da Toscana, em homenagem aos “pracinhas”, como ficaram conhecidos os soldados do Exército Brasileiro que foram à Europa lutar contra as forças do Eixo.
No local, foi erguido um monumento onde foram inicialmente enterrados os corpos dos 462 soldados mortos. Em 1960, o governo brasileiro decidiu trazer de volta os restos mortais dos soldados, que foram sepultados no Rio de Janeiro, então capital federal, no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, localizado no Aterro do Flamengo.
O monumento na Itália está a cargo do governo brasileiro e já foi visitado por alguns presidentes brasileiros.
No evento, Bolsonaro voltou a repetir o bordão de que “mais importante do que a própria vida é a nossa liberdade” e saudou as relações amigáveis entre Brasil e Itália.
“Ouvi aqui a palavra gratidão. Ela tem mão dupla. Apesar de o Oceano Atlântico nos separar, nos sentimos mais que vizinhos, nós somos irmãos”, afirmou.
Estavam presentes no evento os ministros Walter Souza Braga Netto (Casa Civil), Carlos França (Relações Exteriores), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), além do embaixador do Brasil na Itália, Hélio Ramos.