Executiva do PMDB barra manobra para reconduzir Picciani à liderança na Câmara
Foi aprovada resolução obrigando que todas as novas filiações de deputados e senadores tenham de ser aprovadas pelo comando nacional da sigla
atualizado
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Em uma articulação costurada pelo vice-presidente Michel Temer e a ala do PMDB pró-impeachment, a Executiva Nacional do partido aprovou, na manhã desta quarta-feira (16/12), resolução obrigando que todas as novas filiações de deputados e senadores tenham de ser aprovadas pelo comando nacional da sigla. A decisão foi aprovada por 15 votos a favor e 2 contra. O vice-presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO), conduziu a reunião e se absteve de votar.
A medida, na avaliação de integrantes do partido, fortalece a posição de Temer e da legenda, uma vez que o objetivo da decisão foi barrar articulação da bancada do PMDB do Rio de Janeiro e do Palácio do Planalto para reconduzir Leonardo Picciani (RJ), pró-governo, à liderança do partido na Câmara. O parlamentar carioca foi destituído do cargo na semana passada, após deputados da ala pró-impeachment apresentarem lista com 35 nomes para indicar Leonardo Quintão (MG) ao cargo.
A reunião da Executiva durou cerca de 30 minutos e ocorreu na sede da legenda, na Câmara dos Deputados. O senador Valdir Raupp substituiu o vice-presidente da República e presidente nacional da legenda, Michel Temer. O peemedebista desistiu de participar da reunião, na véspera, diante da possível retaliação da ala governista do partido, que ficou irritada com a proposta de mudar as regras das novas filiações.
Contrariado com a decisão da maioria, o deputado Leonardo Picciani afirmou que irá recorrer da decisão da Executiva na Justiça e reafirmou que pretende apresentar até o fim desta semana uma nova lista com apoio da maioria da bancada por sua recondução à liderança do PMDB.
Creio que hoje a Executiva escreveu uma página triste da história do PMDB. O partido por decisão da maioria aprovou uma resolução ilegal, que vai ser contestada judicialmente, porque invade a competência do estatuto do partido, invade a competência da convenção. Tirar dos diretórios regionais a liberdade que sempre teve de processar filiações
Leonardo Picciani
Raupp rebateu Picciani e afirmou que é “normal” que a Executiva Nacional possa avalizar filiações. Segundo ele, essa prática já ocorre na filiação de vereadores e deputados estaduais. “A resolução é para fazer uma espécie de filtros nas filiações, sobretudo de deputados federais”, ressaltou o senador.
Desembarque
Segundo o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que também participou da reunião, com a vitória esmagadora contra a interferência do Planalto no partido, a discussão em torno da antecipação de um desembarque do governo ficará em “stand-by”. “A tentativa do governo de interferir no PMDB por meio de deputados de outros partidos não teve o efeito que eles gostariam. Com isso, a lista de diretórios estaduais pela antecipação, que já tem 12 assinaturas, fica de stand-by”, ressaltou.
Retrocesso
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusou o vice-presidente e presidente do partido, Michel Temer, de ser o culpado por realizar uma reunião da Executiva Nacional da legenda para impedir a filiação de novos integrantes. “O presidente Michel é o presidente do partido. Se alguém tem responsabilidade com relação a isso, é o presidente Michel”, criticou.
Para Renan, “um partido democrático, que não tem dono”, realizar reunião para proibir a entrada de deputados é um “retrocesso que deve estar fazendo o doutor Ulysses (Guimarães) tremer na cova”. O presidente do Senado disse que o PMDB tem “muita culpa” com os problemas pelos quais o País passa. Segundo ele, quando foi chamado a coordenar o processo político da coalizão, “o PMDB se preocupou apenas com o RH”.
Eu adverti sobre isso na oportunidade. O PMDB perdeu a oportunidade de qualificar sua participação no governo. O PMDB tem muita culpa, o governo tem culpa, claro, mas o PMDB tem muita culpa com o que está acontecendo
Renan Calheiros
Impeachment
O presidente do Senado afirmou que vai esperar uma definição do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito de tramitação do processo de impeachment para definir se o Legislativo entrará em recesso. O STF pode decidir esta tarde quais serão os procedimentos a serem adotados pelas duas Casas na apreciação do pedido de impedimento da presidente Dilma Rousseff. “Nós vamos esperar pacientemente aquilo que o Supremo decidir e depois decidir o que fazer”, disse.