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Ex-presidente do STM critica apoio do Planalto a atos antidemocráticos

Tenente-brigadeiro-do-ar Sérgio Xavier Ferolla fez fortes críticas a militares que fazem parte do governo Bolsonaro

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Reprodução/ YouTube/ Chico Abelhar
Ex-presidente do Superior Tribunal Militar (STM), tenente-brigadeiro da Aeronáutica Sérgio Xavier Ferolla, de 86 anos
1 de 1 Ex-presidente do Superior Tribunal Militar (STM), tenente-brigadeiro da Aeronáutica Sérgio Xavier Ferolla, de 86 anos - Foto: Reprodução/ YouTube/ Chico Abelhar

Ex-presidente do Superior Tribunal Militar (STM), o tenente-brigadeiro da Aeronáutica Sérgio Xavier Ferolla (foto em destaque), de 86 anos, se diz preocupado com integrantes do Palácio do Planalto apoiando atos antidemocráticos.

Sem citar nomes nem cargos, Ferolla, hoje na reserva e detentor do cargo mais alto da Aeronáutica (marechal-do-ar é uma função limitada a tempos de guerra e não há outros vivos que algum dia a tenha alcançado), resume a opinião dele em uma frase: “O mito do Caxias está de luto”. A expressão, comum nas Forças Armadas, faz referência ao patrono do Exército brasileiro, Duque de Caxias.

Apelidado de “O Pacificador”, Caxias é visto no meio como um exemplo a ser seguido. Logo, quando se diz que o “mito de Caxias está em luto”, significa que há uma violação dos valores militares, avaliam integrantes das Forças Armadas.

“Eu considero que o mito do Caxias está de luto por causa do comportamento dessas pessoas, que são pessoas de respeito, e estão sujando, estão manchando o próprio espaço pelo fato de apoiar essas manifestações com gente [integrantes do “300 do Brasil”] que está na cadeia”, analisa, em conversa com o Metrópoles.

Ferolla é ministro aposentado do STM. De quatro estrelas, o cargo de tenente-brigadeiro-do-ar equivale ao de general no Exército, o mesmo do vice-presidente Hamilton Mourão e do ministro-chefe do GSI Augusto Heleno. Ferolla, contudo, está hierarquicamente acima deles por ser o mais antigo da patente e, por isso, poderia julgá-los quando ministro do STM.

Durante a conversa, o militar aposentado elogia a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional – acusado no começo deste ano pelo general Heleno de fazer “chantagem” ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

“O STF está indo bem. O Judiciário está cumprindo o papel dele. E o Congresso também. Acho importante isso, independentemente de razões políticas, de ideologia, é uma defesa da democracia”, ressalta Ferolla.

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Augusto Heleno, braço direito de Bolsonaro
Vice-presidente disse que questão da vacina chinesa é "briga politica"
Ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello
Fernando Azevedo e Silva
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Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno

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Augusto Heleno, braço direito de Bolsonaro

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Vice-presidente disse que questão da vacina chinesa é "briga politica"

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O brigadeiro avalia que, agora, “as coisas estão indo bem”. Questionado sobre a possibilidade de ocorrer um golpe militar a favor do presidente Bolsonaro, o tenente afirma, repetidas vezes, que “isso não existe”.

“Isso não existe, isso não existe. É um sonho, é coisa de maluco. Isso não existe”, diz. “Os malucos que falam em golpe estão presos, os 300 do Brasil. São bandidos, uma associação criminosa”, completa o ministro.

Além da extremista Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, foram presos nesta semana outros três integrantes do grupo de extrema-direita “300 do Brasil”. Dois deles, no entanto, foram liberados nessa sexta-feira (19/06).

Ferolla não chama apenas os ativistas do “300 do Brasil” de criminosos. “Os problemas que estão acontecendo, do [Fabrício] Queiroz [ex-assessor de Flávio Bolsonaro e muito próximo da família], por exemplo, isso é coisa de quadrilheiro, de organização criminosa, que é difícil de ajudar. Tem que ser combatido pela polícia”, completa.

Crise institucional

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro divulgou nota – logo após o ministro do STF Luiz Fux reconhecer que o artigo 142 da Constituição não permite uma intervenção militar –, na qual sustenta que “as Forças Armadas estão sob autoridade suprema do presidente da República” e que não admitiriam “julgamentos políticos” (em pouco velada referência às ações eleitorais que enfrenta no Tribunal Superior Eleitoral e podem cassar a chapa Bolsonaro/Mourão).

“As FFAA do Brasil não cumprem ordens absurdas, como p. ex. a tomada de Poder”, diz o texto, que é assinado também pelo vice-presidente Hamilton Mourão e pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva.

“[As Forças Armadas] também não aceitam tentativas de tomada de Poder por outro Poder da República, ao arrepio das Leis, ou por conta de julgamentos políticos”, continuaram as autoridades. Mourão e Azevedo subscreveram a nota usando as patentes militares: ambos são generais da reserva.

Um dia depois da divulgação dessa nota, um grupo de militares – entre eles, 52 da Aeronáutica, 16 da Marinha e 10 do Exército, todos da reserva – divulgou um manifesto contra o ministro Celso de Mello, do STF, que tinha comparado a situação política atual do Brasil à da Alemanha nazista.

“Nenhum militar deixa de fazer do seu corpo uma trincheira em defesa da Pátria e da Bandeira. […] nenhum Militar, quando lhe é exigido decidir matéria relevante, o faz de tal modo que mereça ser chamado, por quem o indicou, de general de merda”, escreveram os militares.

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