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Ex-presas políticas cobram ação contra ofensas de Bolsonaro a Dilma

Em carta ao STF e ao Congresso, 23 vítimas da ditadura, entre elas colegas de cela da ex-presidente, condenaram deboche do presidente

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Ex-presidenta Dilma Rousseff durante evento no Teatro dos Bancários em Brasília – Brasília(DF), 24/08/2016
1 de 1 Ex-presidenta Dilma Rousseff durante evento no Teatro dos Bancários em Brasília – Brasília(DF), 24/08/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Após as ironias feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (em partido) em relação à tortura sofrida pela ex-presidente Dilma Rousseff, quando ela esteve presa pela ditadura militar, 23 ex-presas políticas e vítimas da ditadura militar, entre elas colegas de cela de Dilma no antigo presidio Tiradentes, em São Paulo, entregaram aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a integrantes do Congresso Nacional uma carta manifestando solidariedade à ex-presidente.

Na carta, elas pedem que as duas instituições tomem as “providências cabíveis” diante das agressões feitas por Bolsonaro.

A carta foi endereçada nesta terça-feira (29/12). Em um trecho, as mulheres apontam a atitude de Bolsonaro como “irresponsável” e “incompatível” com o cargo de presidente da República.

“Em mais uma atitude irresponsável e incompatível com o cargo que exerce, o presidente mais uma vez faz apologia à tortura e humilha as vítimas torturadas a quem o Estado brasileiro já anistiou e pediu desculpas pelas violências cometidas”, diz o texto da carta, assinada pelas militantes contra a ditadura militar.

“Nós mulheres, ex-presas políticas, que nos rebelamos e resistimos contra o autoritarismo da Ditadura Civil Militar que impuseram à sociedade brasileira naquele período, vimos repudiar estes atos e demandar que as instituições democráticas do Estado Brasileiro tomem as providências cabíveis”, questionam.

Raio X

A reação ocorre diante das insinuações feitas por Bolsonaro em conversa com apoiadores, na manhã dessa segunda-feira (28/12). O presidente chegou a cobrar que lhe mostrassem um raio X da adversária política para provar uma fratura na mandíbula decorrente da tortura sofrida por ela.

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Dilma
Dilma Rousseff
Ela tentava falar com o ministro da Educação da argentina
Brasília(DF), 09/04/2016 - Dilma faz pronunciamento durante evento sobre educação. Os sorrisos são graças a notícia de que o presidente interino da Camara dos Deputados havia anulado o processo de impeachment. Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
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A ex-presidente Dilma Rousseff participa do 1º encontro das mulheres do MST

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Dilma Rousseff reage a ofensas de Bolsonaro

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“Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X”, disse o presidente, referindo-se ao período em que a petista foi presa, em 1970, auge da repressão.

Também na segunda-feira, Dilma reagiu aos ataques do presidente, afirmado, em nota, que ele tem “índole de torturador” e o classificou como um “sociopata, que não se sensibiliza diante da dor de outros seres humanos, não merece a confiança do povo brasileiro”.

Leia a íntegra da carta:

“Manifestamos, com indignação, nossa solidariedade e apoio à ex-presidenta da República Dilma Rousseff, diante dos insultos, ofensas graves e ignominiosas feitas por Jair Bolsonaro, no último dia 28 de dezembro.

Em mais uma atitude irresponsável e incompatível com o cargo que exerce, o presidente mais uma vez faz apologia à tortura e  humilha as vítimas torturadas a quem o Estado brasileiro já anistiou e pediu desculpas pelas violências cometidas.

O Estado foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 2010, pelos crimes de tortura e desaparecimento forçado de militantes políticos que ousaram defender as liberdades políticas e a democracia durante a ditadura militar (1964-1985).

Nós mulheres, ex-presas políticas, que nos rebelamos e resistimos  contra o autoritarismo da Ditadura Civil Militar que impuseram à sociedade brasileira naquele período, vimos repudiar estes atos e demandar que as instituições democráticas do Estado Brasileiro tomem as providências cabíveis.

Não permitiremos  que nosso país mergulhe de novo no fascismo e no obscurantismo.

Em defesa da democracia, das liberdades políticas e pelo fim da tortura e dos desaparecimentos forçados! 

Reafirmando nossa solidariedade à companheira Dilma Rousseff: Tortura Nunca Mais.

São Paulo, 29 de dezembro de 2020″.

Maria Amélia de Almeida Teles
Eleonora Menicucci de Oliveira
Criméia Alice Schimidt de Almeida
Maria Celeste Martins
Leslie Denise Beloque
Guiomar Silva Lopes
Rita Siphai
Helenita Siphai
Rosalina Santa Cruz Leite
Iara Prado
Maria Aparecida Costa
Robeni Batista da Costa
Maria Nádia Leite Roig
Lenira Machado
Leopoldina Duarte
Leane Almeida
Nair Benedito
Sirlene Berdazzoli
Maria Aparecida dos Santos
Edoina Rangel
Marlene Soccas
Iara Seixas
Joana D’Arc

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