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Ex-ministro da Defesa, Silva e Luna será novo diretor-geral de Itaipu

Procedimentos para a nomeação estão em andamento há pelo menos duas semanas; há grande preocupação com o aparelhamento na empresa

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras
1 de 1 Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mais um general irá ocupar um cargo estratégico no novo governo. O ex-ministro da Defesa Joaquim Silva e Luna foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar a direção-geral da Itaipu Binacional, usina hidrelétrica que pertence ao Brasil e ao Paraguai. A nomeação do general Silva e Luna foi confirmada por fontes do Palácio do Planalto e do Ministério de Minas e Energia, ao qual a empresa está vinculada.

Os procedimentos para a nomeação do general Silva e Luna estão em andamento há pelo menos duas semanas. Várias reuniões já foram realizadas na pasta de Minas e Energia para discutir o que o novo governo quer da administração brasileira na empresa, que esteve na mão do representante do PT Jorge Samek durante 14 anos e, agora, está sob a direção de Marcos Stamm, que assumiu o cargo em abril do ano passado, indicado pelo ex-presidente Michel Temer.

O último militar a assumir a Itaipu foi Ney Braga (1985-1990). O diretor-geral de empresa ganha aproximadamente R$ 80 mil mensais, recebe entre 14 e 15 salários por ano, tem plano de saúde sem custo para toda família e mais plano de aposentadoria.

De acordo com informações obtidas pelo Estado, há uma grande preocupação com o aparelhamento que existe na empresa. A ideia é seguir a orientação geral do Planalto, de verificar em que áreas estão concentradas as nomeações políticas feitas ainda pela administração petista, mas não só por ela, como também pelos demais partidos, inclusive o MDB. Há preocupação também com a forte influência das administrações do governo do Paraná na empresa binacional.

Pente-fino
Com isso, todos os atos administrativos da parte brasileira serão revistos, principalmente nas áreas de segurança e de coordenação. A área financeira também terá um novo comando. O governo Bolsonaro quer tirar toda a influência política que exista na empresa, deixando-a com foco na sua atividade-fim, que é a geração de energia.

Durante a administração petista, foram criadas várias áreas de atuação que não têm a ver com a atividade-fim da usina, abrindo um leque de ações que estariam sendo usadas para beneficiar grupos políticos. É o caso, por exemplo, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), instalada em Foz do Iguaçu e criada em janeiro de 2007 com apoio da usina.

Mas existem outras áreas de atuação fora da finalidade da empresa, segundo as fontes. Um dado que reforça a tese do atual governo de que é muito forte a influência política do governo do Paraná sob a administração da Itaipu brasileira é que cresceu de 16 para 54 o número de municípios do estado que recebem royalties da Itaipu brasileira.

Revisão 2023
Uma das questões relevantes de discussão da nova administração é em relação à revisão do “Anexo C” do Tratado de Itaipu. Em 2023, o atual tratado completa 50 anos e com isso será encerrado o pagamento anual de US$ 2,2 bilhões referente à dívida de Itaipu. Esse valor representa 62% das despesas da usina.

Esse tratado cuida da parte do financiamento da empresa e esse financiamento termina porque a Itaipu estará totalmente paga. A partir daí, o governo brasileiro terá de fazer diversas negociações para definir o investimento dos recursos que ficarão disponíveis pelos dois países – Brasil e Paraguai – para definir os novos investimentos pela binacional. A renda de Itaipu é de US$ 3,8 bilhões por ano e 62% deste montante é destinado ao pagamento da dívida de seu financiamento.

Outra questão que poderá ser discutida pela nova administração, embora não estejam previstas mudanças, é em relação ao custo unitário do serviço elétrico. O preço vem se mantendo inalterado desde 2009, mas o governo não sinalizou com alteração nesse valor. No entanto, dizem as fontes ouvidas pela reportagem, a intenção é de que as “benesses” que foram concedidas atendendo a interesses políticos sejam reavaliadas e muitas delas, revistas.

A Itaipu, que conta hoje com 3.100 funcionários, fornece energia às regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste do Brasil. De acordo com o portal da empresa, a Itaipu Binacional é a líder mundial em produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,6 bilhões de megawatts/hora desde o início de sua operação, em 1984. A usina possui 20 unidades geradoras e tem capacidade instalada de 14 mil megawatts (MW) e fornece 15% da energia consumida no Brasil e 90% no Paraguai.

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