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Ex-assessor nega relação com Palocci e R$ 2 milhões para campanha de Dilma

A defesa de Charles Capella de Abreu afirma que “O convívio com Palocci era superficial, era de encontrar, oi e tchau, no comitê.”

atualizado

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José Cruz/ABr
Antonio Palocci
1 de 1 Antonio Palocci - Foto: José Cruz/ABr

O ex-assessor da Casa Civil Charles Capella de Abreu, apontado em delação premiada como responsável pelo recebimento de R$ 2 milhões em propina para a campanha de Dilma Rousseff (PT), em 2010, negou nesta quinta-feira (14/1), à Polícia Federal, participação no suposto episódio e afastou ter vínculo direto com o ex-ministro Antonio Palocci durante a campanha presidencial.

“O convívio com Palocci era superficial, era de encontrar, oi e tchau, no comitê. Não tinha (relação direta). E a arrecadação não era ele, isso era competência do tesoureiro, que era o José Di Filippi”, afirmou a criminalista Danyelle Galvão, defensora de Charles.

A gente mostrou que ele não foi assessor do Palocci na época dos fatos. Não era, ele não tinha relação com o Palocci”, explicou a advogada. “Ele tinha sido assessor da Marta (Suplicy), ex-PT. O (José) Dutra, presidente do PT em 2010 (morto em 2015) convida o Charles para ir trabalhar na campanha, isso em março para abril. Ele vai para a campanha, é exonerado no ministério, faz a campanha, vai para o governo de transição e no final disso ele é convidado pelo Palocci para virar assessor. Ou seja, ele só virou assessor do Palocci em 1º de janeiro de 2011, primeiro governo da presidente Dilma.

Danyelle Galvão

Três delatores da Lava Jato – Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras ligado ao PP, Alberto Youssef, o doleiro que operava propinas, e Fernando Baiano, lobista e operador de propinas do PMDB – disseram ter existido pagamento de propina do esquema montado na Petrobras para a campanha de Dilma, em 2010, a pedido de Palocci – todos com versões divergentes em alguns pontos.

Fernando Baiano, o delator mais recente, diz ter participado de uma reunião em meados de 2010, em um comitê da campanha de Dilma, com Palocci e Paulo Roberto Costa. Nesse encontro, teria sido pedido valor para a disputa presidencial e indicado o nome de Charles como assessor que cuidaria do recebimento de R$ 2 milhões.

Em uma hora de depoimento, o ex-assessor negou ter existido essa reunião em Brasília. “Ficou claro no depoimento que o Charles não conhece essas pessoas (Costa, Youssef e Baiano). A primeira vez que ele viu essas pessoas foi hoje. Ele nega reunião, encontro em hotel, qualquer recebimento, seja esse, seja outro de dinheiro para partido político ou candidato”, disse a criminalista.

Comitê
A defesa levou os registros de exoneração e nomeação de Charles para mostrar a falta de vínculos com Palocci. A PF quis saber qual a relação de trabalho na campanha de 2010 entre Palocci e Charles. “Posição do Charles fazia parte de logística e imobiliário do comitê. Alguém precisava de um computador, era o Charles que mandava providenciar, um local de evento, um comitê, era o Charles.” Segundo Danyelle, seu papel era operacional e distante da política. “Zero político, zero assessoria política e zero assessoria de arrecadação.”

Charles foi ouvido pelo delegado Luciano Flores, da equipe da Lava Jato, em Curitiba, no inquérito que apura a cobrança e o pagamento de R$ 2 milhões em propina, a pedido de Palocci. Depois da oitiva, o ex-assessor da Casa Civil e ex-integrante da campanha de Dilma passou por duas acareações. Pela manhã foi colocado frente a frente com o doleiro Alberto Youssef. E no início da tarde, diante do operador de propinas Fernando Baiano

Identificação
Colocado frente a frente com o doleiro que operava propina para o PP, Youssef não reconheceu Charles. “Não é”, garantiu o doleiro. Peça principal da Lava Jato, Youssef disse que, pela foto mostrada pela PF anteriormente, o rosto era parecido com o do homem para quem ele diz ter entregado R$ 2 milhões, em dinheiro vivo, em um hotel de luxo, em São Paulo, em 2010. O valor teria sido levado a pedido de Paulo Roberto Costa e possivelmente tenha relação com os R$ 2 milhões investigados.

Depois de ser confrontado com o doleiro, o ex-assessor da Casa Civil foi acareado com outro de seus acusadores, o lobista Fernando Baiano. Foi ele que apontou a cobrança de R$ 2 milhões feita por Palocci a Paulo Roberto Costa, que buscava apoio do PT para permanecer diretor de Abastecimento da Petrobras caso Dilma fosse eleita presidente. Costa nega o pedido e diz que foi o doleiro Youssef quem solicitou esse valor de R$ 2 milhões em nome de Palocci.

Baiano, diante de Charles, disse não ter 100% de certeza ao confirmar a fisionomia da pessoa como a que participou do encontro em Brasília em 2010. Mas confirmou que o nome Charles foi o indicado por Palocci para o recebimento dos R$ 2 milhões.

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