“Eu não uso fake news”, diz senador Heinze na CPI da Covid
Senador governista foi criticado por colegas, depois de reiterar informações já rebatidas pela ciência e por acadêmicos
atualizado
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Conhecido pela defesa de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento contra a Covid-19, o senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) negou, nesta quarta-feira (11/8), que usa fake news para defender seu ponto de vista.
“Eu não uso fake news. Eu falo a realidade e trago os fatos”, declarou Heinze à CPI da Covid-19.
O senador do PP costuma dizer que o Amapá tem a menor letalidade do país, sob o argumento de que o estado adotou o tratamento precoce. O parlamentar afirma ainda que Rancho Queimado, em Santa Catarina, é um caso de sucesso no uso de medicamentos sem comprovação de eficácia.
Heinze também costuma citar o médico francês Didier Raoult como defensor da cloroquina. Contudo, não menciona que Raoult, após defender o uso da cloroquina para a Covid-19, admitiu o erro e chegou a ganhar o prêmio satírico Rusty Razor (Navalha enferrujada).
Antes, Heinze apresentou áudio descontextualizado do senador Otto Alencar (PSD-BA) sobre “tratamento precoce” e foi rebatido por colegas da comissão. “Desonestamente”, pontuou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). “Esse áudio foi apresentado lá atrás, no início da pandemia. A ciência evolui. Já se pensou que a terra era plana, a ciência mostrou que não era plana, alguns insistem hoje ainda”, acrescentou.
O áudio se referia a um diálogo ocorrido no ano passado, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) e cientistas ainda não haviam se manifestado sobre o tratamento.
Em junho passado, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) acionou o Conselho de Ética do Senado contra fake news durante a CPI. Vieira pediu que a fala de Heinze, nesta quarta-feira, fosse encaminhada ao colegiado para ser anexada à representação. “Com todo respeito, o parlamentar reitera aqui a apresentação de documentos com informações que já foram derrubadas para a ciência há muito tempo”, disse.
Nesta quarta-feira, o colegiado ouve o depoimento de Jailton Batista, diretor da Vitamedic Indústria Farmacêutica, responsável pela produção de ivermectina. Mesmo que esse medicamento não tenha eficácia cientificamente comprovada no tratamento contra a Covid-19, sua venda resultou em grande lucro durante a pandemia.