metropoles.com

Estudo: ações de Bolsonaro dividem base bolsonarista nas redes

Ameaças do presidente de interferir em órgãos de controle e posição do PSL sobre CPI da Lava Toga racham grupos de apoiadores governistas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Fotos JP Rodrigues / Metrópoles
Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Fotos JP Rodrigues / Metrópoles

As tentativas e ameaças do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de interferir em órgãos de controle e combate à corrupção como Polícia Federal, Receita Federal e Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) causaram uma divisão inédita na base bolsonarista nas redes sociais, mas até agora não refletiu em perda de apoio substancial ao governo.

A conclusão é da startup Arquimedes, que analisou 150 mil postagens no Twitter sobre o assunto desde segunda-feira (16/09/2019), quando a divisão ficou clara. Nessa quarta-feira (18/09/2019), Bolsonaro desistiu de tirar Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia Federal, uma das principais queixas dos descontentes que viam na atitude do presidente uma manobra para proteger o filho e senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), alvo de investigações por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Segundo Pedro Bruzzi, fundador da Arquimedes, a militância bolsonarista se dividiu em três grupos na rede ao longo da semana. O primeiro composto por entusiastas da CPI da Lava Toga, o segundo pelos que não acham a CPI necessária e o terceiro, menor, dos “isentões”.

“É o primeiro evento que a gente vê acontecer dessa maneira”, disse Bruzzi, que integrava o Departamento de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A mobilização em torno do tema surgiu com a entrevista da senadora Selma Arruda (MT) ao Estado, no último domingo (15/09/2019), na qual ela disse que deixaria o PSL, partido do presidente, por ter sofrido pressões de Flávio para retirar a assinatura da CPI. Ela se filiou ao Podemos.

No dia seguinte, o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), aumentou a temperatura ao dizer à Coluna do Estadão que quem deveria deixar o partido é o filho do presidente e não a senadora.

Segundo o levantamento da Arquimedes, perfis influentes como os do advogado Modesto Carvalhosa, do jornalista Felipe Moura Brasil, da deputada estadual Janaína Pascoal (PSL-SP) e do youtuber Nando Moura — que já foi citado pelo próprio Bolsonaro como fonte confiável de informação — foram às redes para defender a Lava Toga e criticar o presidente.

A reação veio do grupo ligado ao escritor Olavo de Carvalho, que veio em defesa de Bolsonaro e chegou a propor a criação de um cadastro para os militantes bolsonaristas. No meio do tiroteio ficaram personalidades da rede como as deputadas Bia Kicis e Raquel Stasiaki.

O detalhe interessante é que a discussão, por vezes acalorada, ficou restrita à base bolsonarista. Perfis influentes como o jornalista Reinaldo Azevedo e o humorista Gregório Duvivier tentaram entrar no assunto, mas foram praticamente ignorados, de acordo com a startup.

Segundo o fundador da Arquimedes, o tiroteio ainda não foi suficiente para abalar o apoio ao presidente no Twitter. “Houve uma divisão grande, mas isso não se reflete no apoio ao Bolsonaro. Estão brigando entre si, mas deixam o governo de fora. Para eles, o desgaste do STF (Supremo Tribunal Federal, alvo da CPI) é muito maior do que o do presidente”, disse Bruzzi.

Para Bruzzi, embora a base bolsonarista se mantenha na maior parte fiel, os sinais de corrosão são visíveis. “Bolsonaro foi eleito com um discurso de combate à corrupção, segurança pública e fim dos privilégios. O ataque da Lava Jato pega nestes três pontos”, disse o fundador da Arquimedes. “Pode vir a ter impacto, sim. Isso está começando a se desenhar”, concluiu.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?