“Estou morrendo”, disse Bolsonaro a médico antes de ser internado
Em entrevista ao jornal O Globo, médico Antônio Luiz Macedo, que acompanha o presidente, relatou que Bolsonaro fez ligação chorando de dor
atualizado
Compartilhar notícia
Antes de ser internado por conta de uma nova obstrução intestinal, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ligou para o médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo e disse que “estava morrendo” ao falar sobre a dor.
“É uma dor pavorosa. É como alguém bater com um martelo na barriga com força”. O relato foi feito pelo cirurgião Macedo, que operou o então candidato à Presidência após a facada em setembro de 2018 e acompanha a evolução do caso desde então, em entrevista ao jornal O Globo.
Segundo o médico, Bolsonaro estava “chorando de dor”. Durante a ligação, ele orientou o presidente a dar entrada no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo.
“Ele me ligou chorando de dor. Falou: ‘Estou morrendo, Macedo. A coisa está ruim’. Mandei ele ir na hora para o Vila Nova Star, liguei para o Pedro [Henrique Loretti, diretor do hospital], que orquestrou tudo com muita competência. Quando cheguei, analisei a tomografia, os exames de sangue e toquei na barriga dele. Quando apalpei, vi que o intestino não estava rasgando e estava mais molinho. Foi muito bom. Porque qualquer cirurgia que for feita nessa região dificilmente vai durar menos de 12 horas”, relatou Macedo.
O presidente recebeu alta hospitalar na manhã desta quarta-feira (5/1), após dois dias internado. Liberado, ele participa, nesta noite, de um jogo de futebol beneficente em Buriti Alegre, no estado de Goiás.
Internação
O presidente deu entrada no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, na madrugada de segunda-efira (3/1), onde foi diagnosticado com nova obstrução intestinal. Ele estava de férias no litoral catarinense, mas precisou interromper a folga.
Segundo Bolsonaro, ele começou a passar mal no domingo (2/1). O presidente publicou uma foto nas redes sociais utilizando uma sonda gástrica. O chefe do Executivo federal está sendo monitorado pelo cirurgião Antônio Luiz Macedo, que operou o então candidato à Presidência após a facada em setembro de 2018 e acompanha a evolução do caso desde então.
Camarão não mastigado causou nova obstrução, diz médico de Bolsonaro
Nessa terça-feira (4/1), o hospital informou que o presidente já havia retirado a sonda nasogástrica após ter evoluído com boa aceitação da dieta líquida ofertada durante o dia.
Por meio de nota, a instituição divulgou ainda que o quadro de suboclusão intestinal do presidente se desfez e reiterou que não havia necessidade de submeter Bolsonaro a uma cirurgia.
Histórico de cirurgias
Desde o ataque, Bolsonaro já passou por quatro cirurgias relacionadas à facada. Relembre:
6 de setembro de 2018
A primeira cirurgia de Bolsonaro foi realizada no mesmo dia em que sofreu o atentado, em 6 de setembro de 2018. Na época, o então candidato foi levado para a Santa Casa de Juiz de Fora. Ele teve lesões nos intestinos delgado e grosso e passou por uma cirurgia que durou cerca de 2 horas. O intestino foi ligado a uma bolsa de colostomia.
12 de setembro de 2018
A segunda, em 12 de setembro do mesmo ano, considerada de emergência, foi para reparar uma obstrução no intestino. O procedimento durou cerca de 1 hora e foi considerado bem-sucedido.
28 de janeiro de 2019
O terceiro procedimento cirúrgico de Bolsonaro ocorreu em 28 de janeiro de 2019, o primeiro já como presidente da República, e serviu para retirar a bolsa de colostomia.
Inicialmente, a cirurgia estava prevista para durar 3 horas, mas devido a uma grande quantidade de aderências, ou seja, partes do intestino que ficaram coladas, a equipe médica teve de fazer um procedimento mais complexo – o que fez com que o tempo total da cirurgia fosse de 7 horas.
Foram retirados de 20 a 30 centímetros do intestino grosso de Bolsonaro na parte que ligava o intestino delgado à bolsa de colostomia.
8 de setembro de 2020
Em 8 de setembro do ano passado, os médicos corrigiram uma hérnia que surgiu no local do abdômen do presidente. A hérnia ocorreu em razão das últimas três cirurgias. O procedimento, considerado de médio porte, durou 5 horas e foi bem-sucedido.
Outros procedimentos
Além disso, em julho do ano passado, após ter sido submetido a um procedimento para realizar um implante dentário, Bolsonaro deu entrada no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, com dores abdominais. Os médicos chegaram a cogitar uma cirurgia, que logo foi descartada.
O presidente ainda foi submetido a uma vasectomia em 30 de janeiro doe 2020. O procedimento é utilizado por homens que não desejam mais ter filhos.