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Esquema de corrupção da Odebrecht existia desde o governo Sarney

Políticos como o deputado do PSDB Antonio Imbassahy, o presidente do TCU Aroldo Cedraz e o senador do PMDB Jader Barbalho teriam sido citados em documentos que datam da década de 1980 e também ganharam apelidos

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O esquema de corrupção que envolve a Odebrecht e o poder público não para de surpreender. Além de ser bastante abrangente, envolvendo mais de 200 políticos de diversos partidos políticos, novos documentos mostram que as negociações ilícitas teriam começado há muito tempo, ainda no governo de José Sarney (1985-1990). Estariam envolvidos ex-ministros, senadores, deputados e governadores, todos integrantes de partidos como PSDB, PMDB e DEM (que à época ainda levava o nome de PFL). As informações são do portal UOL.

Durante a 26ª fase da operação Lava Jato, que ocorreu nesta terça-feira (26/3), foram descobertos cerca de 400 documentos da Odebrecht em posse de Conceição Andrade, ex-funcionária da empresa. Grande parte dos papéis está datada de 1988 e apresenta regras bem parecidas com as que teriam sido descobertas pelos investigadores recentemente.

Montagem UOL/Reprodução

No documento, que leva o nome de “Livro de Códigos”, uma lista chamada “Relação de Parceiros” apresenta políticos, funcionários públicos e empresários que teriam se envolveram nas obras da Odebrecht e seus apelidos. Os filhos de José Sarney, Fernando e José filho, são conhecidos como “Filhão” e “Filhote”. Roseana Sarney é a “Princesa”.

Políticos envolvidos

Antonio Imbassahy, deputado pelo PSDB, levava o nome de “Almofadinha” e estaria ligado à obra da barragem de Pedra do Cavalo, na Bahia. À época, ele era presidente da Desenvale, órgão público responsável pela obra da barragem. Em resposta, o deputado afirmou que é “um despropósito” a menção ao seu nome na lista da Odebrecht.

Os papéis também trazem o nome do senador do PMDB Jader Barbalho. Conhecido como “Whisky”, ele aparece junto ao ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que leva o codinome de “Sonlo”, nas obras da BR-163, no Pará.

Nem Aroldo Cedraz, o atual presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), escapou da lista. Sob o nome de “Toldo”, ele aparece como envolvido na obra adutora do Sesal. Essa reforma teria ocorrido quando ele era presidente da Companhia de Engenharia Rural da Bahia (Cerb) e secretário de Recursos Hídricos e Irrigação da Bahia.

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, também do PSDB, recebeu o nome de “Arvir”.

Montagem UOL/Reprodução

O advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, negou que seus clientes, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) e a ex-governadora Roseana Sarney, tenham cometido qualquer ato ilícito.

Esquema antigo
Conceição Andrade ocupava, antes, um posto parecido ao de Maria Lúcia Tavares, que contou sobre todo o esquema de corrupção da Odebrecht na Lava Jato. “O esquema naquela época era mais ou menos como esse divulgado essa semana, só não tão organizado assim. Esse esquema de propina, de fraudar licitações, sempre existiu na empresa. Aliás em todas as grandes, o esquema sempre foi esse”, explica a ex-funcionária.

Eram porcentagens de valores das obras. Era feito o fechamento, e determinava um percentual. A partir daí ocorria o superfaturamento e o pagamento. Tudo isso era feito através de transações bancárias e dinheiro. É bem semelhante ao que foi divulgado na Lava Jato, mas hoje tem um departamento específico para isso. Naquela época era feito em nível de gerência, mas acredito que tenha funcionado em diretoria e presidência também

Conceição Andrade

No ano passado, Conceição entregou toda essa documentação ao deputado Jorge Solla (PT). O parlamentar apresentou tudo na Polícia Federal e na CPI da Petrobras. Todos os papéis foram enviados a Curitiba, onde se concentra a força-tarefa da Lava Jato. Atualmente o material se encontra na Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da PF. A Odebrecht afirmou “que não se manifestará sobre o tema”.

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